CPI

Renan Sena caça culpados e tentou agredir indígena na Papuda, diz Alan à CPI

Extremista está preso na Papuda e, segundo Alan Diego, tentou agredir um indígena. O condenado por tentativa de ataque a bomba não quis responder a todas perguntas

O bolsonarista Alan Diego dos Santos, condenado por tentar explodir o Aeroporto de Brasília às vésperas do Natal de 2022, disse que o extremista Renan Silva Sena tentou agredir um indígena dentro do Complexo Penitenciário da Papuda. Alan foi ouvido na manhã desta quinta-feira (29/6), na CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa.

“A única coisa que eu ouvi e falei para todas as pessoas que tiveram contato comigo na prisão (...) Todo mundo lá queria me acusar como se eu estivesse no dia 8 (de janeiro), porque eles estão tratando indígena lá dessa forma. O senhor Renan Sena tentou agredir um indígena lá e eu acabei não deixando. O que acontece: eles querem (e o Renan Sena) achar um culpado, como vocês aqui (na CPI)”, disse.

Renan é ex-funcionário terceirizado do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos. O detento ficou conhecido durante a pandemia de covid-19, em 2020, por agredir enfermeiras que se manifestavam em defesa do isolamento social, medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras autoridades sanitárias. Além disso, ele já foi alvo de processos por ter ofendido o governador do DF Ibaneis Rocha (MDB).

Durante o depoimento, Alan contou aos distritais que corre risco de morte se abrir a boca para os parlamentares. O eletricista não quis apontar quem são essas pessoas, mas disse que são da extrema-direita. A CPI vai propor um depoimento secreto, com a expectativa de contar o que não foi respondido.

Além dele, George Washington será ouvido pelos distritais nesta quinta. Ambos estão sob escolta policial na CLDF. Conforme ressaltado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ambos terão garantido o direito ao silêncio.

Condenados

Os acusados tentaram explodir uma bomba no Aeroporto de Brasília e foram condenados a mais de 14 anos (somadas as pena) pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). George Washington de Oliveira e Alan Diego dos Santos Rodrigues estão presos no Complexo Penitenciário da Papuda desde janeiro, após as investigações conduzidas pela Polícia Civil (PCDF).

Com base na sentença assinada pelo juiz Osvaldo Tovani, não há dúvidas quanto ao envolvimento de George e Alan no crime. Em depoimento, George confessou que recebeu o artefato explosivo em 23 de dezembro do ano passado e fez a montagem no mesmo dia. Depois, entregou a bomba a Alan. Ainda com base na sentença, George e Alan se conheceram em frente ao QG do Exército, local onde Alan recebeu o artefato em uma caixa de papelão. “O vínculo entre ambos é inegável, afinal, no interior da caminhonete de George foi encontrada impressão digital de Alan”, frisou o magistrado.

Alan também confessou o crime à polícia e confirmou ter recebido o artefato. Ele foi o responsável por colocar o explosivo no para-lama do caminhão-tanque, próximo ao Aeroporto de Brasília. As imagens colhidas pelos investigadores da PCDF mostraram a ação do extremista.

Depois de deixar a bomba no local, Alan acionou o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, informando, numa das ligações, que tinha visto um artefato numa carreta de combustível em frente ao aeroporto. No segundo telefonema, disse ter visto uma moça correndo apavorada depois de ver uma bomba no automóvel.

George foi preso pelos investigadores da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) em 25 de dezembro. O caso passou a ser investigado pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor), que chegou ao encalço de Alan.

George foi condenado a 9 anos e 4 meses de reclusão em regime inicial fechado, além de 280 dias-multa. Alan recebeu uma pena de 5 anos e 4 meses e 160 dias-multa. "Os acusados se defenderam presos. Não há fato novo que justifique a revogação do decreto prisional. As circunstâncias dos fatos indicam periculosidade concreta, presente, ainda, a necessidade de preservar a ordem pública, mantenho a prisão preventiva de ambos os acusados", enfatizou o juiz.

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