A última sessão plenária da Câmara Legislativa do DF (CLDF) antes do recesso parlamentar dos deputados distritais será amanhã e, juntamente com ela, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, que investiga as ações de vandalismo ocorridas em 8 de janeiro, realiza a 15ª oitiva do processo. Estão previstos os depoimentos de Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira Sousa. Os dois foram condenados, em maio, pela tentativa de explodir, com uma bomba, um caminhão-tanque próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, em 24 de dezembro do ano passado.
Para que não seja exaustiva a oitiva de ambos, a CPI começará os trabalhos mais cedo. A estratégia foi adotada por causa da logística, já que os dois estão relacionados ao mesmo tema. Para que sejam liberados, foi necessário combinar com o Complexo Penitenciário da Papuda, onde os dois estão presos. Eles terão garantido o direito ao silêncio, de acordo com decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) em 15 de junho e complementada na segunda-feira. "Tendo o dever legal de manifestar-se sobre os fatos e acontecimentos relacionados ao objeto da investigação, estando, entretanto, assegurado o direito ao silêncio e a garantia de não autoincriminação, se instado a responder perguntas cujas respostas possam resultar em seu prejuízo ou em sua incriminação", escreveu, na decisão.
Presidente da CPI, o deputado distrital Chico Vigilante (PT-DF) ressalta que os trabalhos serão realizados, mais uma vez, de forma tranquila, com foco nos depoimentos dos acusados, no plenário da Casa, com tempo suficiente para que Alan e George esclareçam os fatos sobre o ocorrido. Juntos na oitiva, eles serão interrogados pelos integrantes da CPI em momentos distintos.
"Espero que os depoentes respondam as perguntas feitas pelos integrantes da Comissão e não fiquem calados, como fez o senhor George Washington, em outra oitiva, em que ele não respondeu a maioria das perguntas e recorreu ao direito de permanecer calado. Eu quero ouvi-los, tanto que solicitei aos delegados que assessoram a CPI, para irem ao presídio intimá-los e discutir com as autoridades de segurança sobre o transporte dos dois até a Câmara Legislativa, para que eles participem da oitiva", ressalta Chico Vigilante.
Relator da CPI, o deputado Hermeto (MDB-DF), destaca que, durante os depoimentos, uma das questões abordadas será a motivação para Alan Diego e George Washington praticarem tal ato. "Queremos saber o que levou essas pessoas a cometerem um ato desses, armar uma bomba. Foi uma tentativa de golpe? Quero saber. E vou questionar também se existe um mandante e quem foi o financiador", afirma.
Outra questão levantada, segundo o relator da CPI, será onde Alan Diego e George Washington conseguiram os artefatos para produzirem a bomba. "Precisamos obter essas respostas e espero que o nosso objetivo seja alcançado com os depoimentos tanto de Alan Diego como do senhor George Washington", ressalta Hermeto.
Agosto
As próximas audiências da CPI dos Atos Antidemocráticos estão previstas para o retorno dos trabalhos legislativos, no início de agosto. Ainda de acordo com Chico Vigilante, durante o recesso parlamentar, os integrantes da comissão irão analisar toda a documentação. "Queremos organizar um calendário para garantir que a próxima audiência seja realizada na primeira semana, logo após o fim do recesso", concluiu o presidente da comissão.