O setor agrícola do Distrito Federal está otimista com a possibilidade de aumento na colheita de soja para 2023. Segundo o relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a expectativa para a safra 2022/2023 é de alta de 1,7% na soja produzida, saindo de 313,2 mil toneladas no ano passado para 318,5 mil neste ano. Assim como a produção, a área plantada também teve crescimento, passando de 84,2 mil para 86,1 mil hectares — um aumento de 2,3%.
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Para Marconi Borges, gerente do escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), diversos fatores contribuíram para uma melhora na produção de soja do DF, principalmente a escolha do tipo para plantio. "Os produtores optaram por plantar uma soja um pouco mais tardia, que é mais produtiva do que as mais precoces. Isso possibilita que na 'safrinha' (ocasiões em que há uma segunda cultura) eles plantem sorgo, alternando a produção e elevando os ganhos", afirma.
No DF, a produção desse grão é apoiada pelo governo local, através da Emater-DF e da Secretaria de Agricultura (Seagri). Os resultados do trabalho realizado são tamanhos que um percentual entre 30% e 40% do plantio é voltado para a produção de sementes, que costumam ser enviadas para multiplicação em diversos estados — como Minas Gerais, Mato Grosso, Tocantins, Bahia e Maranhão.
Nesse sentido, a capital também tem se destacado na geração de receita baseada no plantio desse grão. Por ano, a produção de soja no DF gera aproximadamente R$ 120 milhões de receita — quando a saca sai a R$ 130. E engana-se quem pensa que os benefícios ficam somente em Brasília. "Como a maior parte é destinada à produção de sementes, o benefício não é apenas para o Distrito Federal e sim para o Brasil inteiro, já que as sementes são de boa qualidade", destaca Borges.
Tecnologias
O produtor rural Leomar Cenci, 52 anos, foi um dos que registrou alta na produção de soja este ano, com aumento aproximado de 7% em relação ao ano passado, quando a média dele foi de 4.200 kg por hectare. Para Cenci é um feito muito grande, tendo em vista que conseguiu esse resultado sem aumento no espaço de plantio. "A área plantada aqui no DF é muito estagnada. Não tem área para abertura, para aumento. Por isso, dificilmente você faz uma alteração muito grande de cultura plantada. Acredito que esse aumento de produtividade foi devido a tecnologias aplicadas ao plantio. Também tivemos um bom desempenho em relação ao clima, o que ajudou muito esse ano", afirma.
A expectativa de Cenci com a produção da capital é tão grande que ele acha que haverá um aumento ainda maior que o previsto. "Apostaria até num percentual maior que 1,7%, porque, no geral, quase todo mundo teve aumento de produtividade. Isso ficou bem visível esse ano. Além do clima, as novas variedades de soja que vêm aparecendo, fazem com que nós produzamos cada vez mais", comenta.
Outro que teve um bom ano foi o produtor Gustavo Kanheski. Nesta safra, ele conseguiu 80 sacas por hectare, contra 70 no mesmo período do ano anterior. Conforme avaliou, a tecnologia foi determinante para aumentar os ganhos na plantação. "O manejo foi melhorado. A cada ano novas tecnologias vêm para nos auxiliar, o que é bom, mas o clima também ajudou bastante", pontua.
Para Kanheski, o investimento em fertilizantes e o cuidado com a terra podem ser a chave para uma melhor produção. "Vejo que muitos produtores ainda não adotaram o uso de fertilizante, nem observam a biologia do solo. É importante sempre tentar trazer novos nutrientes para a terra, assim é possível ter maior eficiência da planta em absorção de nutrientes. E quanto menos você agredir o solo, maior estrutura física ele terá", explica.
Além da soja
Conforme o levantamento feito pela Conab também há perspectiva de crescimento na safra de outras culturas de grãos da capital. É previsto um acréscimo de 15,4% na colheita e 17,3% na produtividade de girassol, por exemplo. Segundo o relatório, a área plantada se mantém a mesma (700 hectares), com lavouras "apresentando boas condições fitossanitárias". Outro aumento tende a acontecer na produção de milho, com crescimento de 2,1% na colheita nas duas primeiras safras. Já em relação ao trigo, a alta pode ser de 1,9% na colheita.
*Estagiário sob a supervisão de Hylda Cavalcanti
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