Quadrilha

Máfia dos celulares: feiras revendiam aparelhos furtados em festas do DF

Os investigadores apuraram que, parte dos aparelhos desbloqueados, tinham as contas bancárias das vítimas saqueadas por meio de transferências bancárias

A Coordenação de Repressão a Crimes contra o Patrimônio (Corpatri) desencadeou, na manhã desta terça-feira (20/6) a operação Conexão Capital e cumpriu 23 mandados de busca e apreensão contra um grupo criminoso acusado de furtar ou roubar celulares em eventos da capital e revender os aparelhos a receptadores. Duas pessoas foram presas em flagrante e 25 celulares apreendidos.

A investigação começou há cerca de três meses. Nesse período, a polícia conseguiu mapear a ação dos criminosos, que revendiam os aparelhos a donos de bancas e lojas localizadas no Shopping Popular de Ceilândia e de outras regiões do DF.

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De maneira articulada, o grupo atuava em diversas frentes: na escolha dos eventos onde iriam subtrair os celulares, na ocultação e na revenda desses aparelhos. Além disso, os investigadores apuraram que, parte dos aparelhos desbloqueados, tinham as contas bancárias das vítimas saqueadas por meio de transferências bancárias.

Modo de agir

O grupo costumava se dividir para cometer o crime. Parte dos envolvidos ficava encarregado de verificar as agendas de grandes eventos e shows a serem promovidos em arenas no Distrito Federal. Outra parte, geralmente casais, era designada a ir nessas festas.

A polícia descobriu que os furtadores iam em veículos acionados via transporte por aplicativo ou no próprio carro. Em contato direto pelo celular com os outros membros da quadrilha, os encarregados de entrar nas festas combinavam o horário em que se encontrariam na parte de fora do evento, para guarda e transporte dos aparelhos furtados.

Já no evento, os criminosos escolhiam as vítimas a dedo. Geralmente, aquelas que vestiam peças colantes ao corpo, sobrepostas de roupas comuns. Eles abordavam disfarçadamente com esbarrões ou pequenas distrações provocadas por outros integrantes, gerando a oportunidade para a subtração do aparelho.

"Assim que subtraídos, os aparelhos tinham os chips descartados nos banheiros e eram entregues a outros integrantes para que não fossem localizados com o furtador direto", detalhou o delegado à frente do caso, Guilherme Sousa Melo, da Corpatri.

Finalizado o evento ou alcançado um número satisfatório de aparelhos subtraídos, os integrantes marcavam de se encontrar em um local previamente ajustado, onde se articulavam e seguiam para a casa onde esconderiam os aparelhos. Algumas vezes, os celulares eram divididos entre eles, de modo que cada um dava a destinação que desejasse.

Segundo as investigações, na maioria das vezes, os integrantes revendiam os celulares a receptadores, por meio de um canal de repasse dos aparelhos a compradores específicos. Geralmente os compradores eram proprietários de bancas de feiras populares.

Os celulares, então, eram revendidos de maneira ilícita nas bancas. Os aparelhos também eram desmontados e desbloqueados para a realização de acesso e transferências bancárias indevidas.

De acordo com a PCDF, os integrantes do grupo furtaram cerca dezenas de aparelhos em diversos eventos no Distrito Federal ligados ao entretenimento. Dois homens foram presos em flagrante em posse de 25 celulares. Eles foram indiciados por associação criminosa e receptação.

Nesta manhã, a PCDF cumpriu 23 mandados de busca nas regiões de Ceilândia, Cidade Estrutural, Brazlândia, Paranoá, Águas Lindas e Cocalzinho/GO.

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