A defesa do coronel Paulo José Ferreira de Souza Bezerreira, ex-chefe interino do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), e apontado como omisso em um relatório da Polícia Federal, apresentou um atestado psiquiátrico para o militar não prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, na segunda-feira (5/6).
Tradicionalmente, desde o início da CPI na Câmara Legislativa (CLDF), os distritais ouvem os depoentes nas quintas-feiras. No entanto, por 8 de junho ser feriado de Corpus Christi, a comissão planejava ouvir Paulo José pela manhã de segunda, e o ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional (1º CPR), coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, à tarde.
Com a apresentação do atestado, a CPI definiu que fará apenas uma oitiva na segunda. A mudança, que saiu em edição extraordinária no Diário da Câmara Legislativa, definiu apenas a oitiva de Casimiro, às 14h.
Omissão
Um relatório elaborado pela inteligência da Polícia Federal constatou que nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, houve falta de planejamento operacional da PMDF. O documento aponta que Bezerreira foi omisso.
Paulo José Ferreira de Souza Bezerreira, ex-chefe interino do Departamento de Operações (DOP), substituía o então comandante do departamento, o coronel Jorge Eduardo Naime — preso desde a quinta fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal. Naime estava de folga naquele fim de semana e, por isso, a PF creditou a competência da falta de planejamento operacional a Bezerreira.
“É verossímil acreditar que Paulo José agiu de forma omissa, frente aos crimes praticados no dia do evento, ao não elaborar o planejamento operacional do policiamento ostensivo do Distrito Federal”, cita trecho do documento. O caso foi confirmado pelo Correio.
“A partir de análise efetuada nos materiais apreendidos, é verossímil acreditar na inexistência de um Plano Operacional, cuja elaboração era de competência do CORONEL PAULO JOSÉ, e de Ordens de Serviços”, detalhou a PF.
Para a PF, o acionamento de equipes de reforço ocorreu apenas duas horas depois do início dos atos na Praça dos Três Poderes. A determinação para que as tropas ficassem sobreaviso, às vésperas do ataque, foi do então subcomandante da corporação, Klepter Rosa, atual comandante-geral da PMDF.
As mensagens foram encontradas em aparelhos apreendidos de policiais militares que integram o 1º Comando de Policiamento Regional (CPR) e do próprio DOP. Em uma delas, Bezerreira encaminhou a mensagem do sobreaviso em um grupo, após determinação de Klepter.