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Projeto ‘Cartas para o amanhã’ comemora 20 anos das cotas na UnB

Homenageando a escritora e antropóloga Lélia González o encontro que celebra o projeto busca discutir feminismo e raça, além de criar diálogo com os futuros estudantes

O segundo encontro do projeto Cartas para o amanhã — Vigilância Comemorativa, Lélia Gonzalez e os próximos 60 anos da UnB ocorrerá no dia 6 de junho, data que se comemora os 20 anos da aprovação da política de gestão afirmativa na UnB — política de cotas —, às 16h, no auditório Pompeu de Sousa na Universidade de Brasília.

Dione Moura, coordenadora do Cartas para o amanhã, e professora de jornalismo, explica que a criação do projeto começou com uma série de estudos sobre o perfil de jornalistas negras brasileiras e suas inspirações. Durante a pesquisa, uma pessoa era citada com frequência: Lélia Gonzalez (1935-1994).

“A partir dessa constatação, fui estudar mais sobre a carreira e história de vida da antropóloga, militante e professora Lélia Gonzalez, de modo a entender como ela inspira gerações de jornalistas negras brasileiras”, explica. “Pegando a Lélia como inspiração, e as cartas como um documento clássico do movimento feminista negro. o projeto foi tomando base.”

A ideia do projeto é criar uma rede de apoio e acolhimento para estudantes negras e indígenas que ocuparão a universidade daqui a 60 anos. A ponte feita com estudantes de hoje em dia para os do futuro seria por meio das cartas, assim, alunos e ex-alunos podem escrever sobre suas percepções e experiências para os jovens que ingressarão na faculdade daqui a 60 anos.

“Como resultado de pesquisa sobre obras de feministas negras como Lélia e outras, percebi que o documento ‘carta’ é muito utilizado, mais do que o documento ‘manifesto’, por exemplo, que é um tipo de documento mais utilizado pelo movimento feminista tradicional — não negro” , conta a professora sobre a ideia de criar uma comunicação entre os estudantes.

“O projeto é pensando no futuro, pensando nos estudantes que virão para a UnB. Então as cartas foram inclusive um jeito de trabalhar a metodologia com os alunos, e de proporcionar aos estudantes a ideia de trabalhar com o tempo, que não nos pertence, vamos dizer assim, você escreve para o amanhã, para alguém que você ainda não conhece”, conta Dione sobre as cartas passarem por gerações. A inspiração não veio só pelo jornalismo, Dione foi relatora do projeto de cotas da UnB em 2003.

O projeto é uma disciplina de extensão para alunos da Universidade de Brasília nas tardes de quinta-feira e é aberto para toda comunidade no dia das oficinas. O primeiro encontro aconteceu de forma on-line durante a pandemia, mas as pessoas ainda podem contribuir com cartas pelo link.