Lisboa — Agentes da 9ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal prenderam na manhã desta sexta-feira (2/6), em Lisboa, com apoio da Interpol, mais dois integrantes da quadrilha que dava golpes contra investidores brasileiros, boa parte deles residentes em Brasília. A Operação Difusão Vermelha, comandada pelo delegado Erick Sallum, que está na sua segunda fase, também bloqueou contas bancárias e criptoativos dos golpistas. Foi determinado, ainda, à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a adoção de mecanismos tecnológicos que impeçam os sites usados pelos criminosos de serem acessados no Brasil. Os dois detidos são brasileiros, que seguiam a linha do personagem de Leonardo DiCaprio no filme “O Lobo de Wall Street”.
Na primeira fase da operação, realizada em março, foram cumpridos cinco mandados de prisão em Lisboa, Alemanha e República Tcheca. Segundo o delegado, o grupo criminoso, sediado em Portugal, oferecia ganhos fáceis aos investidores por meio de falsos investimentos em Forex (moedas estrangeiras) e Day Trade, compra e venda de ações no mesmo dia. Apesar de estarem na capital portuguesa, os golpistas criavam números falsos do Brasil para dar a impressão de que estavam em território nacional. Por isso, a maior parte dos criminosos era de brasileiros. Apenas uma das centrais tinha mais de 150 funcionários.
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Sallum afirmou que, depois das primeiras prisões, os investigadores descobriram que os golpistas tentaram se reorganizar, efetivando a substituição dos líderes presos e dando reinício às atividades. Também foi descoberta a identidade do principal golpista, que, efetivamente, havia acarretado os maiores prejuízos a vítimas brasileiras, uma delas perdendo R$ 1,5 milhão, e um casal residente no DF arcando com prejuízos de aproximadamente R$ 630 mil. Foi, por sinal, o registro de ocorrência desse casal na 9ª DP que deu início à toda a investigação. O criminoso ligava para as vítimas no Brasil se apresentando como um analista de investimento chamado Rafael Fonseca.
Com o avanço da investigação, identificou-se o verdadeiro nome dele, que estaria lavando dinheiro por meio de uma banda de samba e um restaurante em Portugal. O outro brasileiro também preso nesta sexta-feira (02/06), era um dos gerentes do esquema ligado diretamente ao tcheco detido na primeira fase. “Com este novo desdobramento, a PCDF desarticula, de maneira irreversível, o grupo criminoso internacional”, diz o delegado. Para ele, os novos bloqueios financeiros devem localizar mais bens para diminuir o prejuízo das centenas de vítimas.
“O inédito trabalho desenvolvido nas duas operações internacionais é fruto de verdadeiro heroísmo e absoluta dedicação dos policiais civis envolvidos. Em que pese tenha sido uma investigação da PCDF, seu resultado reverberou em todo território nacional, impedindo novos ataques ao Brasil. Esse empenho demanda o devido reconhecimento da categoria policial civil”, ressalta Sallum.