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ESPORTE

Escola do DF é símbolo de excelência na ginástica olímpica

As aulas da modalidade no Centro de Ensino Setor Leste têm rendido frutos, com atletas juvenis que fazem parte da Seleção Brasileira e crianças prodígios que se preparam para atuar em grandes torneios

Quando se fala em ginástica olímpica no Distrito Federal, o Centro de Ensino Médio Setor Leste surge automaticamente como referência. O colégio oferece aulas da modalidade para crianças e adolescentes desde 1980. Os treinamentos desenvolvidos na escola são feitos por quatro professores e incluem diversos níveis de ensino, do iniciante ao alto rendimento. Atualmente, 200 jovens, com idades que variam de 6 a 18 anos, fazem o uso do espaço de 800 metros, de forma gratuita. As vagas são voltadas para jovens matriculados na rede pública de ensino e as adjacentes abrangem as escolas particulares.

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A primeira turma de ginástica do Setor Leste, ainda nos anos 1980, treinava em espaço pequeno nos fundos do lote da escola, que anteriormente era um criatório de codornas. Anos depois, um novo ginásio na frente do colégio foi construído. Em sua trajetória, a unidade consagrou grandes nomes da modalidade, como a ginasta Soraya Carvalho, que fez parte da Seleção Brasileira e obteve classificação para os Jogos Olímpicos de Atlanta, e Vinícius Machado que representou o Brasil em uma Copa do Mundo na Eslovênia e outra na Croácia. 

Atualmente, o coordenador geral da ginástica artística, Carlos Augusto, o Carlinhos, se orgulha em dizer que dois atletas que treinam no Setor Leste fazem parte da seleção brasileira juvenil e foram vice- campeões dos Jogos da Juventude, no ano passado, na Argentina. "Dos cinco atletas, dois eram do Setor Leste. Temos colecionado muitos resultados positivos e esses resultados são frutos de um trabalho de anos", afirmou Carlinhos.

Rafael Akira, 18, é um dos jovens que disputou os Jogos da Juventude na Argentina. O garoto começou com 5 anos na ginástica artística e se orgulha de ter sido vice-campeão em um campeonato fora do país. "Em outras competições eu tinha muitas falhas, quedas e erros grandes, mas, nesta competição, eu me senti muito seguro. Graças ao trabalho do Carlinhos, eu consegui uma nota boa", orgulhou-se. O grande sonho de Akira é chegar nas Olimpíadas e trazer uma medalha para a capital do país. "Foi uma experiência muito boa e aprendi muito com a convivência com outros atletas. Fiquei muito feliz que conseguimos nos consagrar em segundo lugar", relatou Rafael Pamplona, 17, companheiro de equipe do xará. O ginasta contou que a experiência rendeu aprendizados e o esporte que pratica significa vida. "Se eu passo um mês sem treinar, eu me sinto doente", concluiu.

O atleta prodígio da modalidade infantil Pedro Lúcio, 13, já disputou nove campeonatos por diferentes regiões do Brasil. "Eu sonho em ser um ginasta profissional e seguir a carreira, como meu ídolo Arthur Nori, e poder competir nas olimpíadas e no pan-americano", contou o ginasta, que iniciou os treinos aos 9 anos. O interesse pelo esporte surgiu ao fazer acrobacias dentro de casa e, atualmente, ele treina todos os dias com o foco em um dia conseguir realizar o sonho de se tornar um atleta profissional. 

Incentivos

Procurada pelo Correio, a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer do DF (SELDF) relatou que tem incentivado os atletas por meio dos programas de auxílio financeiro Compete Brasília e Bolsa Atleta. "Recentemente, enviamos, por meio do Compete Brasília, atletas a Aracaju (SE) para competirem no Troféu Brasil de Ginástica Artística", pontuou a pasta, em nota. 

Alessandra Monteiro é mãe do atleta Johnny, 13. "Eu falo que sou fã de todos, mas dele sou fã número um. Como mãe de um atleta, acredito que todos vão conseguir alcançar seus sonhos e eu aposto nisso porque são todos muito dedicados", argumentou, frisando que os pais dos ginastas se tornaram uma grande família. "A nossa turma de pais acaba torcendo por todos, sofre por cada um, vibra por cada um. Nos tornamos uma família apaixonada", detalhou.

A treinadora Tatiana Santos foi atleta quando começou o projeto no Setor Leste, em 1985, e hoje tem o prazer de formar novos ginastas. "Fiz educação física, depois entrei na Secretaria de Educação e retornei aqui em 2004. É impressionante a diferença que a gente consegue fazer na vida dessas crianças porque não é um esporte de fácil acesso, ele requer um equipamento e mão de obra especializada e aqui temos um centro onde já mexemos na vida de várias crianças, enquanto atletas e enquanto pessoa", ressaltou.  

Ainda segundo a professora, o retorno que o esporte da é notório. "É muito importante essa questão da disciplina, da perseverança, do esforço. Costumo dizer que a gente fica mais forte quando a gente é atleta porque é um esporte que requer muito. Ele é muito completo em uso corporal e mental. Aqui, com certeza, temos prodígios com um futuro promissor pela frente", assegurou Tatiana.

Para o gestor da Federação Brasiliense de Ginástica, Wesley Machado, o papel do Setor Leste na vida desses jovens é o de "auxiliar desde a formação do indivíduo, seja para o benefício imediato nas dimensões física, social, afetiva e cognitiva, seja para influenciar a adoção da prática de atividade física ao longo da vida".

 

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