CPI

Alan Diego culpa George Washington e diz à CPI que corre risco de morte

Alan disse que "extremistas" da direita o ameaçaram, mas não disse quem são essas pessoas. O bolsonarista disse que falará caso tiver garantias, como deixar a prisão

Pablo Giovanni
postado em 29/06/2023 10:58 / atualizado em 29/06/2023 12:26
 (crédito: Ed Alves/CB/DA Press)
(crédito: Ed Alves/CB/DA Press)

Condenado de tentar explodir um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília, Alan Diego dos Santos culpou George Washington de Oliveira Sousa. O bolsonarista, que presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF), disse que levou a bomba e recebeu o artefato das mãos de George. O bolsonarista disse que corre risco de vida se abrir a boca.

“Quem aprontou a bomba foi o George Washington (...). Eu levei a dinamite, mas prefiro ficar em silêncio. Ninguém colocou no Aeroporto (...) Até então, vossa excelência não me conhece. O senhor não sabe o motivo de eu estar em Brasília. Não sabem se eu participo de alguma inteligência. Eu pedi para falar com delegados antes de entrar aqui, porque tem coisas que eu não posso falar aqui. Tem coisas que eu não posso falar, porque não posso correr risco, e nem a minha família”, explicou aos distritais.

O presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), explicou que, caso Alan esteja correndo risco de vida, a comissão vai propor um depoimento reservado. O eletricista disse que já contou aos agentes e que, se a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) der garantias, ele falará. “Se me derem garantias. (As garantias) de liberdade. Eu consigo provar a minha inocência (estando solto). Por isso, não vou falar aqui”, disse o eletricista. Em outro momento, Alan disse que “extremistas” da direita o ameaçaram, mas não disse quem são essas pessoas.

Acompanhado por dois advogados, Alan chegou bastante falante à CPI dos Atos Antidemocráticos, mas logo em seguida recebeu orientações de seus representantes para moderar. Além de Alan, George será ouvido pelos distritais na manhã desta quinta (29/6). Ambos estão sob escolta policial na CLDF.

Conforme ressaltado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ambos terão garantido o direito ao silêncio.

Condenados

Os acusados tentar explodir uma bomba no Aeroporto de Brasília foram condenados pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) a mais de 14 anos (somadas as penas). George Washington de Oliveira e Alan Diego dos Santos Rodrigues estão presos no Complexo Penitenciário da Papuda desde janeiro, após as investigações conduzidas pela Polícia Civil (PCDF).

O Correio teve acesso à sentença assinada pelo juiz Osvaldo Tovani, proferida em maio. Com base na decisão, não há dúvidas quanto ao envolvimento de George e Alan no crime. Em depoimento, George confessou que recebeu o artefato explosivo em 23 de dezembro do ano passado e fez a montagem no mesmo dia. Depois, entregou a bomba a Alan. Ainda com base na sentença, George e Alan se conheceram em frente ao QG do Exército, local onde Alan recebeu o artefato em uma caixa de papelão. “O vínculo entre ambos é inegável, afinal, no interior da caminhonete de George foi encontrada impressão digital de Alan”, frisou o magistrado.

Alan também confessou o crime à polícia e confirmou ter recebido o artefato. Ele foi o responsável por colocar o explosivo no para-lama do caminhão-tanque, próximo ao Aeroporto de Brasília. As imagens colhidas pelos investigadores da PCDF mostraram a ação do extremista.

Depois de deixar a bomba no local, Alan acionou o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, informando, numa das ligações, que tinha visto um artefato numa carreta de combustível em frente ao aeroporto. No segundo telefonema, disse ter visto uma moça correndo apavorada depois de ver uma bomba no automóvel.

George foi preso pelos investigadores da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) em 25 de dezembro. O caso passou a ser investigado pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor), que chegou ao encalço de Alan.

George foi condenado a 9 anos e 4 meses de reclusão em regime inicial fechado, além de 280 dias-multa. Alan recebeu uma pena de 5 anos e 4 meses e 160 dias-multa. "Os acusados se defenderam presos. Não há fato novo que justifique a revogação do decreto prisional. As circunstâncias dos fatos indicam periculosidade concreta, presente, ainda, a necessidade de preservar a ordem pública, mantenho a prisão preventiva de ambos os acusados", enfatizou o juiz.

 

 

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