CPI

"O povo comia bem no QG", ironiza condenado da bomba em depoimento a CPI

Alan Diego e George Washington depõe na CPI da Câmara Legislativa. O eletricista disse que a comida no QG "era mais ou menos", mas melhor do que o do Complexo Penitenciário da Papuda

Pablo Giovanni
postado em 29/06/2023 10:38 / atualizado em 29/06/2023 12:23
 (crédito: Ed Alves/CB/DA Press)
(crédito: Ed Alves/CB/DA Press)

O eletricista Alan Diego dos Santos, de 32 anos, réu confesso por tentar explodir o Aeroporto de Brasília na véspera do Natal do ano passado, ironizou e disse que, no acampamento golpista em frente ao QG do Exército, que a comida era de graça e que “sempre tinha uma costela”. Ele também disse que a comida era muito "abençoada"  e que o povo estava “comendo bem”. Alan presta depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF).

“A comida era à vontade. A comida era mais ou menos, mas era melhor do que a do presídio. Sempre tinha uma costela. O povo comia bem”, ironizou Alan. “Não tive (a preocupação de quem bancava). O Brasil inteiro pagava. Eu estava ali no meio”, completou o eletricista.

A estratégia adotada pelos distritais é começar os depoimentos mais cedo, para que não seja tão exaustiva para os parlamentares. O eletricista chegou falante à CPI, mas recebeu orientações de advogados para que ficasse em silêncio. George Washington de Oliveira Sousa, 54, e Alan foram autorizados para prestar depoimento e estão na CLDF, com escolta policial.

Conforme ressaltado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ambos terão garantido o direito ao silêncio — e a expectativa dos distritais é que eles façam uso desse direito, assim como ocorreu com o próprio George na CPMI do 8 de janeiro, no Congresso Nacional, em 22 de junho.

Condenados

Os acusados tentar explodir uma bomba no aeroporto de Brasília e foram condenados pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) a mais de 14 anos (somadas as penas). George Washignton de Oliveira e Alan Diego dos Santos Rodrigues estão presos no Complexo Penitenciário da Papuda desde janeiro, após as investigações conduzidas pela Polícia Civil (PCDF).

Em depoimento, George confessou que recebeu o artefato explosivo em 23 de dezembro do ano passado e fez a montagem no mesmo dia. Depois, entregou a bomba a Alan. Ainda com base na sentença, George e Alan se conheceram em frente ao QG do Exército, local onde Alan recebeu o artefato em uma caixa de papelão. “O vínculo entre ambos é inegável, afinal, no interior da caminhonete de George foi encontrada impressão digital de Alan”, frisou o magistrado.

Alan também confessou o crime à polícia e confirmou ter recebido o artefato. Ele foi o responsável por colocar o explosivo no para-lama do caminhão-tanque, próximo ao Aeroporto de Brasília. As imagens colhidas pelos investigadores da PCDF mostraram a ação do extremista.

Depois de deixar a bomba no local, Alan acionou o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, informando, numa das ligações, que tinha visto um artefato numa carreta de combustível em frente ao aeroporto. No segundo telefonema, disse ter visto uma moça correndo apavorada depois de ver uma bomba no automóvel.

Sentença

George foi preso pelos investigadores da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) em 25 de dezembro. O caso passou a ser investigado pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor), que chegou ao encalço de Alan.

George foi condenado a 9 anos e 4 meses de reclusão em regime inicial fechado, além de 280 dias-multa. Alan recebeu uma pena de 5 anos e 4 meses e 160 dias-multa. "Os acusados se defenderam presos. Não há fato novo que justifique a revogação do decreto prisional. As circunstâncias dos fatos indicam periculosidade concreta, presente, ainda, a necessidade de preservar a ordem pública, mantenho a prisão preventiva de ambos os acusados", enfatizou o juiz.

 

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