Recomposição

Lula envia ao Congresso Nacional reajuste das forças de segurança do DF

Projeto de lei passará, agora, pelo crivo do Congresso Nacional. Previsão para análise da Comissão Mista de Orçamento é até 13 de julho. Aumento salarial será de 18%, parcelado em duas vezes, para policiais militares, civis e bombeiros

Pablo Giovanni
postado em 29/06/2023 06:00
 (crédito: Ascom Leila Barros)
(crédito: Ascom Leila Barros)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, ontem, no Palácio do Planalto, o texto que prevê reajuste salarial de 18%, parcelado em duas vezes, para as forças de segurança do Distrito Federal. O projeto de lei (PLN), assinado na presença de deputados distritais, federais, senadores do DF, além de integrantes do governo federal, será enviado ao Congresso Nacional. A expectativa é de que o PLN seja votado até 13 de julho.

A bancada do DF no Congresso Nacional não acredita que haverá resistência ao PLN por parte das duas Casas. A intenção dos parlamentares é conseguir que a Comissão Mista de Orçamento (CMO) se reúna até 6 de julho, para deliberar sobre o reajuste e para que a matéria entre na pauta de plenário. 

A proposta do governo federal foi aceita pelos sindicatos e associações das corporações há duas semanas, mas os parlamentares da bancada local cobravam do governo federal o envio do PLN. Uma articulação de dentro da esfera nacional pedia que a assinatura ocorresse quando o presidente estivesse no Brasil — à época, Lula estava cumprindo agenda internacional.

A expectativa é de que, aprovado, a primeira parcela do reajuste seja paga em julho, enquanto a outra em janeiro de 2024. O governador Ibaneis Rocha (MDB), que cumpre agenda em Portugal representando o DF no XI Fórum Jurídico de Lisboa, elogiou a postura do presidente em assinar o texto. "Excelente (a notícia sobre o reajuste). Estou muito feliz e agradeço ao presidente Lula pela sensibilidade", comemorou o emebedista. 

O presidente da Câmara Legislativa (CLDF), deputado Wellington Luiz (MDB), lembrou da luta histórica dos policiais civis para que houvesse a equiparação com a Polícia Federal. O distrital parabenizou a medida de Lula. "Mais uma etapa vencida. É uma luta histórica da nossa classe. São muitos anos sem nenhum reajuste, e finalmente saiu do papel agora. Como há um acordo, acredito que não haverá nenhuma dificuldade para que o PLN seja aprovado", explicou.

Presente na assinatura do PLN no Planalto, o deputado federal Reginaldo Veras (PV-DF) disse que existe o desejo de toda a bancada do DF de votar o texto o quanto antes, para que possa ir à sanção presidencial. "É importante ressaltar, também, a luta de todos os políticos do Distrito Federal. Todo mundo lutou para que isso saísse do papel. O governo (Jair) Bolsonaro (PL) dizia que iria valorizar os policiais, e nunca o fez. O Lula entendeu a necessidade de um reajuste. Agora irá ao Congresso para que possamos votar", disse o parlamentar.

O governo e a bancada do DF trabalham com a possibilidade de o tema entrar em pauta e ser deliberado no dia 6. Caso não for possível, no mais tardar 13 de julho, indo para Comissão Mista de Orçamento (CMO). Randolfe Rodrigues (sem partido - AP), líder do governo, explicou em vídeo gravado que há a sensibilidade para que o reajuste vá para a comissão o quanto antes, e ficou pré-combinado de a bancada do DF sensibilizar os líderes da oposição sobre o tema ser tratado como prioritário e deliberado o quanto antes.

"O PLN abre uma margem orçamentária para os 18%. O presidente e o governo já fizeram a sua parte, enviando o projeto para o Congresso. É necessário duas coisas: a CMO se reunir para apreciar e votar o PLN. Em segundo, um acordo com todos os líderes partidários de governo e oposição, para liberar a pauta. Ou seja, para que os vetos sejam sobrestados, ficando para ser votado depois, e prioritariamente a gente vote o PLN que interessa", disse o líder do governo Lula. "Vamos trabalhar para a CMO acontecer, e que todos os líderes concordem em votar primeiro o PLN", completou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).

Estavam presentes na assinatura os deputados distritais Chico Vigilante (PT), Hermeto (MDB) e Dra Jane (MDB); o deputados federais Rafael Prudente (MDB-DF); a senadora Leila Barros (PDT-DF); o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli; o ministro da Justiça, Flávio Dino; e a ministra de Gestão e da Inovação, Esther Dweck.

"Alguns governos passaram e nem procuraram resolver essa situação. E hoje, depois de uma longa caminhada, temos um encaminhamento que encerra a briga por uma justa demanda que se arrastava há quase uma década", explicou a senadora Leila Barros.

Reajuste

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), Enoque Venancio de Freitas, comemorou a decisão do petista em assinar o reajuste. O policial lembrou da união dos deputados do DF para que a classe fosse valorizada. "Agradecemos ao presidente Lula por reconhecer a importância do trabalho desenvolvido pelos policiais civis do DF, que garantem não só a segurança dos cidadãos de Brasília, mas de todo o Brasil. Esse é mais um passo essencial em direção à retomada da nossa dignidade", ressaltou Enoque.

A presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do Distrito Federal (Sindepo-DF), Cláudia Alcântara, explicou que o PLN estará sendo enviado ao Congresso, e que estará trabalhando para que os parlamentares aprovem o projeto. "Com o PLN assinado, começamos uma nova fase de trabalho. A partir de amanhã (hoje), tem início uma nova luta no Congresso. Precisam decidir para que tenha essa reunião da CMO. Estaremos lá para que o projeto seja votado o quanto antes. Pode ser que ao longo desses dias, precisaremos do apoio dos delegados, mas até lá eu avisarei vocês", disse a delegada. 

A proposta foi aceita pelos sindicatos em 14 de junho, após os termos terem sido melhorados com o parcelamento dos 18% em duas vezes — a primeira em julho e a seguinte em janeiro de 2024. Antes, o governo federal fez uma proposta que acabou sendo mal digerida pelos parlamentares, governo do DF e pelos próprios sindicatos. Nela, o governo propôs a recomposição da seguinte forma: o primeiro reajuste seria de 9%, a partir de julho. Em 2024, um percentual de 4,5% incidiria sobre os salários a partir de janeiro. E a terceira parcela, de 4,5%, seria paga em janeiro de 2025.

O pedido de reajuste da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) foi enviado em fevereiro pela então governadora em exercício, Celina Leão (PP), ao governo federal, pedindo o reajuste em uma parcela única de 18%. Depois foi endossada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), quando reassumiu o Palácio do Buriti, em março. O emedebista enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), solicitando a recomposição salarial e garantiu lastro para assumir a despesa.

Todos os estudos foram apresentados mostrando que o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) tem capacidade para custear o reajuste que representa uma despesa extra de quase R$ 1 bilhão por ano, a partir de 2024, sendo o mesmo valor previsto para 2025. Na PMDF, os subtenentes terão um reajuste de 32,7%. Com isso, o valor da Vantagem Pecuniária Especial (VPE) chegará a R$ 8.489,56. Os segundo-tenentes vão receber um incremento salarial de 19,1%.

Nos cargos da PCDF, os ocupantes das classes especiais de delegados, perito criminal e perito médico-legista terão reajuste de 24,01%. Dessa forma, as três categorias passarão a ter um teto de R$ 30.542,92 no subsídio.

Colaborou Ingrid Soares.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

  • Lula assina reajuste para as forças de segurança do DF
    Lula assina reajuste para as forças de segurança do DF Foto: Sinpol-DF/Divulgação
  •  Recomposição será paga em agosto deste ano e janeiro de 2024. A proposta foi aprovada pela categoria
    Recomposição será paga em agosto deste ano e janeiro de 2024. A proposta foi aprovada pela categoria Foto: Ed Alves/CB/D. A Press
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação