Para entender como os brasilienses se deslocam pela cidade, o Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) divulgou, ontem, o relatório "Como anda Brasília" que detalha os trajetos "domicílio-trabalho" e "domicílio-estudo" da população a partir de recortes por sexo, idade, raça e renda. O estudo mostra os principais meios de locomoção no Distrito Federal hoje, que são, pela ordem, automóvel, ônibus, a pé, motocicleta e metrô.
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A pesquisa aponta que, em relação ao deslocamento para o trabalho, os usuários de automóveis são 51,9% homens e 43,8% mulheres. Dentre a população que se locomove de ônibus, a maioria é do sexo feminino (39,3%) enquanto os homens que preferem este tipo de transporte correspondem a 28,3% da população. Quanto aos trabalhadores da capital que costumam andar a pé, 10,9% são mulheres e 8,3%, homens. Com uma enorme disparidade entre os sexos, aparecem os usuários de moto, nos quais as mulheres representam apenas 0,8% e os homens são 5,5% do total. Enquanto o metrô, transporte criado para desafogar o trânsito das grandes cidades, é utilizado por apenas 2% dos homens e 3,1% das mulheres.
Em relação à raça, o levantamento indica que a população negra tem um percentual maior do que da população não negra nos principais meios de transportes coletivos, sendo que os negros são 66,5% nos ônibus, enquanto não negros representam 33,5%.
Visibilidade
Diretora de Estudos e Pesquisas Ambientais e Territoriais do instituto, Renata Florentino destaca a necessidade de dar visibilidade aos usuários de cada meio de transporte para tornar possível entender como esses modais podem ser aperfeiçoados para serem mais confortáveis para os públicos característicos. "A participação maior da mulher nos transportes coletivos é dado que pode subsidiar, por exemplo, campanhas de prevenção ao assédio e importunação sexual", afirma.
A participação da população negra também é superior para o uso de metrô (58% do total de usuários deste modal), motocicleta (67,4% do total de usuários), bicicleta (73,2%) e a pé (65,3%). Enquanto isso, os meios de transporte mais utilizados pela população não negra são o automóvel e o ônibus.
Renda
No tocante à renda, as regiões administrativas do Lago Sul (97,5%), Sudoeste/Octogonal (88,4%) e Lago Norte (86,9%) utilizam o automóvel como modal principal. Elas estão também no grupo de maior poder aquisitivo. Quanto ao ônibus, foi verificado maior uso por parte dos moradores do Sol Nascente/Pôr do Sol (62,8%), Paranoá (58,1%) e São Sebastião (53,1%) — regiões onde a renda é menor.
Com várias estações de metrô, as áreas de Águas Claras (10,3%), Samambaia (7,0%) e Ceilândia (6,3%) apresentam o maior uso deste meio de transporte. A pesquisa mostrou que os deslocamentos por motocicleta são em maior percentual no Park Way (10,4%), SIA (8,38%) e Fercal (7,9%). Enquanto os trajetos a pé para o trabalho são mais evidentes em Brazlândia (22,7%), SIA (22,6%) e Varjão (21,4%). "Andar a pé e de ônibus consistem nas formas de mobilidade mais comuns nas áreas de renda menores, enquanto nas áreas de renda maiores há uma predominância absoluta do uso do automóvel", destaca Renata.
Escola
Nos trajetos realizados entre domicílio e escola, a mobilidade ativa tem maior representatividade no modo a pé nas regiões de Ceilândia (59,6%), Recanto das Emas (50,7%) e Samambaia (44,6%). Já o uso da bicicleta foi maior na Estrutural (4%), em Planaltina (2,5%) e no SIA (2,2%).
Com maior poder aquisitivo, o automóvel tem maior uso nas regiões do Park Way (77,9%), Lago Sul (76,9%) e Sudoeste/Octogonal (76,8%). Em contrapartida, há menos uso de carros para deslocamento para a escola na Estrutural (5,8%), Sol Nascente/Pôr do Sol (6,5%) e Fercal (7,2%).
O uso do ônibus também é maior em regiões de menor renda como Itapoã (45%), Sol Nascente/Pôr do Sol (42,7%) e Riacho Fundo II (37,6%).
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