Mobilidade

Pesquisa indica que mulheres negras são maioria no uso de ônibus

Segundo o relatório "Como anda Brasília", as mulheres negras do Distrito Federal foram as que mais utilizaram os ônibus para se deslocar de casa para o trabalho (45,5%)

Júlia Eleutério
postado em 28/06/2023 12:25
 (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Divulgado nesta quarta-feira (28/6), o relatório “Como anda Brasília” indica que as mulheres negras do Distrito Federal foram as que mais utilizaram os ônibus para se deslocar de casa para o trabalho (45,5%). Além disso, elas também andam mais a pé para fazer o trajeto até o emprego (12,7%). Os dados são do Instituto de Pesquisa e Estatísticas do DF (IPEDF), por meio das informações coletadas na Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) 2021.

Segundo o documento, a mulher negra é a que mais anda a pé pela cidade, com 12,7%,
e também é a que mais anda de ônibus, com 45,5%. O presidente do IPEDF, Manoel Barros, destaca que a pesquisa é importante para a discussão sobre a mobilidade na capital. “Visa subsidiar o debate no sentido de encontrar soluções para os problemas da nossa cidade relacionados à mobilidade”, pontuou.

Com os dados levantados, a diretora da Diretoria de Estudos e Pesquisas Ambientais e Territoriais (Depat), Renata Florentino, destaca a necessidade de dar visibilidade para quem são os usuários de cada meio de transporte para assim dar conta de entender como esses meios podem ser aperfeiçoados para serem mais confortáveis no uso e mais agradáveis para os públicos característicos. “A participação da mulher nos transportes coletivos é até algo para subsidiar, por exemplo, campanhas de prevenção ao assédio e importunação sexual”, destacou, durante apresentação do relatório.

Além disso, a população negra do sexo masculino utilizou mais automóveis do que ônibus (46,1%). No entanto, o percentual de utilização de ônibus ainda foi maior para homens negros quando comparados com as pessoas do sexo masculino não negras, com 32,5% e 22,5%, respectivamente. Outro dado relacionado à mobilidade e à raça indica que homens não negros representam o maior número de usuários de automóveis (61,1%), logo atrás estão as mulheres não negras (53,9%).

A participação da população negra também foi superior para o uso de metrô (58%), motocicleta (67,4%), bicicleta (73,2%) e a pé (65,3%). Enquanto isso, os meios de transporte mais utilizados pela população não negra foram o automóvel (57,7%) e o ônibus (26,9%).

Levando em consideração apenas o gênero, os homens pesquisados se deslocam com mais frequência para o trabalho utilizando automóvel (51,9%), seguido do ônibus (28,6%) e do modo a pé (8,3%). Já entre as mulheres, os meios de locomoção mais utilizados por motivo de trabalho foram o automóvel (43,8%), o ônibus (39,3%) e a locomoção a pé (10,9%).

Em relação à faixa etária, homens e mulheres entre 40 e 59 anos se deslocam em maior número de automóveis, enquanto as mulheres acima de 60 têm maior representatividade nos deslocamentos para o trabalho em modo a pé.

Renda e transporte

Com maior poder aquisitivo, as regiões administrativas do Lago Sul (97,5%), Sudoeste/Octogonal (88,4%) e Lago Norte (86,9%) utilizam o automóvel como principal modo de deslocamento para o trabalho. Em contrapartida, se verifica maior utilização na RA Sol Nascente/Pôr do Sol (62,8%), Paranoá (58,1%) e São Sebastião (53,1%) de ônibus para o transporte para o emprego.

No uso do metrô, as RAs de Águas Claras (10,3%), Samambaia (7,0%) e Ceilândia (6,3%) apresentam o maior uso. Já nos deslocamentos de moto, o maior percentual aparece nas RAs Park Way (10,4%), SIA (8,38%) e Fercal (7,9%). Nos trajetos realizados a pé, a maior representatividade está nas RAs Brazlândia (22,7%), SIA (22,6%) e Varjão (21,4%).

Os dados apresentados no relatório indicam também que a pé e de ônibus são meios mais comuns nas áreas de renda menores, enquanto nas áreas de renda maiores têm uma predominância absoluta do uso do automóvel.

Como anda Brasília

Esta é a segunda edição do relatório, que utiliza a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios 2021 para mostrar como os brasilienses circulam pela cidade. A pesquisa mantém a avaliação dos deslocamentos de “domicílio-trabalho” e “domicilio-estudo”, com o recorte de sexo, idade, raça e renda.

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