Cadela Meg

Tutor acusa clínica veterinária de provocar paralisia em cadela

Empresário diz ter gasto R$ 25 mil com tratamentos e consultas para tratar Meg. Desconfiança é de que ela tenha ficado assim devido à aplicação do remédio Tramal. Hospital contesta acusação

Mariana Saraiva
postado em 20/06/2023 20:52 / atualizado em 22/06/2023 11:56
 (crédito: Flávio Resende )
(crédito: Flávio Resende )

A cadela vira-lata Meg foi adotada ainda filhote pelo empresário Flávio Resende, de 45 anos. Com cerca de nove meses e no primeiro cio, Meg demonstrou comportamentos apáticos, seguidos de falta de apetite. O motivo preocupou o tutor que a levou, em 25 e 27 de agosto do ano passado, ao Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau, localizado na Asa Sul.

Na primeira ida à clínica, Meg fez exames e voltou para casa com um protocolo de tratamento. Dois dias depois, sem sucesso após o uso das medicações, Flávio retornou com a cadela ao hospital veterinário, sendo atendido pela mesma profissional, que aplicou várias medicações por via subcutânea em Meg.

Ao chegar em casa, o tutor foi retirar a cachorra do carro e reparou que ela estava sem andar. “Eu procurei a clínica e eles sempre me falaram que esse efeito não estava relacionado à medicação aplicada. Mas todos os exames deram resultado negativo para patologias que provocam perda de movimento, o que inclui leshmaniose e doença do carrapato, dentre outros problemas” , relatou. Segundo ele, a fisioterapeuta que cuida de Meg acha que o problema pode ter sido causado pelo Tramal, remédio injetado no animal, que é usado em caso de dor e considerado muito forte. "Só que ela tomou o Tramal, mas não estava sentindo dor, estava apenas apática e sem apetite”, destacou. 

Preocupado com a situação, Flávio iniciou diversos tratamentos para que a cadela pudesse voltar a andar (fisioterapia, acupuntura e ozônioterapia), bem como consultas com veterinários especialistas na área ortopédica e neurológica. Ao todo, o empresário gastou aproximadamente R$ 25 mil em tratamentos, mesmo Meg nunca tendo tido um diagnóstico definido. No fim do ano passado, o empresário procurou o hospital para fazer um acordo que garantisse o tratamento da cadela. De acordo com ele, a proposta não foi aceita.

O Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau, procurado pela reportagem, encaminhou uma nota. leia na íntegra:

"Gostaríamos de esclarecer alguns pontos em relação ao caso envolvendo a paciente Meg e o Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau, ocorrido no ano passado. Reconhecemos a preocupação do tutor e a importância de abordar essa situação de forma mais responsável.

O Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau é sim, uma instituição dedicada ao cuidado e tratamento de animais de estimação há muitos anos. Nossa equipe de profissionais se esforça para oferecer atendimento veterinário de qualidade, priorizando sempre o bem-estar dos animais; são especializados e atualizados dentro da medicina veterinária, e por isso nos tornamos referência.

E se mostra importante ressaltar que a medicina veterinária enfrenta desafios complexos, onde nem sempre é possível determinar a causa exata de certas condições clínicas e, mesmo após superado este obstáculo, cada animal reage de forma individual aos tratamentos e medicamentos utilizados.

E foi no decorrer destes 45 anos que o Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau conseguiu testemunhar seus profissionais salvando a vida de incontáveis animais, e testemunhamos também incontáveis lágrimas de alívio e felicidade de tutores vendo o seu animal de estimação alegre e saudável após cada tormenta.

Mas testemunhamos também o amargo oposto. Os casos em que o animal não resistiu às mazelas ou se sujeitou a sequelas da doença ou do tratamento, e podemos ver de perto o quão doloroso é para uma família perder o seu pet, ou assistir impotente o seu sofrimento. São estes os casos – e não os anteriores – que elevam ainda mais o comprometimento do Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau com o rigor técnico da medicina veterinária, para oferecer serviços cada vez mais modernos e humanos, buscar profissionais cada vez mais capacitados, e miramos sempre no inalcançável horizonte de salvar a vida de todos os animais que cruzam a soleira de nossas portas.

No caso específico da paciente Meg, protagonista recente em uma reportagem no Correio Braziliense, houve uma situação de progressão em relação ao seu estado de saúde, porém o nosso hospital segue protocolos médicos ao realizar diagnósticos, prescrever tratamentos e administrar medicamentos, sempre buscando o melhor para cada paciente, interpretando e individualizando o tratamento.

Não há relatos na literatura que associem a paraplegia à administração dos medicamentos utilizados. Além disso, é importante mencionar que os medicamentos foram aplicados por via subcutânea na região cervical. É fundamental ressaltar que, caso a aplicação tivesse sido realizada de forma inadequada, atingindo a medula espinhal, as consequências seriam outras, e não a paraplegia. No entanto, tal ocorrência é impossível, uma vez que o procedimento é subcutâneo.

Após o incidente, o tutor retornou ao hospital para nova avaliação, não sendo observada nenhuma reação local na região da aplicação, como edema, eritema, queda de pelos ou irritação. Diante dessa situação, foi recomendada a avaliação por um médico veterinário especializado em ortopedia/neurologia a fim de investigar o diagnóstico de forma mais aprofundada.

Foram realizados todos os exames necessários para um diagnóstico preciso, incluindo análise do líquido cefalorraquidiano, tomografia, sorologias para doenças que afetam o sistema neurológico, bem como doenças transmitidas por carrapatos e leishmaniose. Apesar dessa abordagem investigativa abrangente, não foi possível chegar a uma conclusão definitiva. È importante ressaltar que existem afecções da medula espinhal cujo diagnóstico só pode ser estabelecido por meio de necropsia após o óbito do animal.
Diante desses fatos, reforçamos que nossa equipe médica seguiu os protocolos estabelecidos e realizou os procedimentos de forma adequada.

Estamos, como sempre, abertos ao diálogo e comprometidos em esclarecer quaisquer dúvidas ou preocupações do tutor da cadela Meg. Valorizamos a transparência e estamos dispostos a buscar soluções apropriadas para garantir o bem-estar dos pacientes que são atendidos aqui.

Agradecemos a confiança e apoio contínuo de nossos clientes. Reforçamos nosso compromisso em oferecer um atendimento veterinário de excelência e continuaremos a nos dedicar ao cuidado e tratamento adequados dos animais.

Atenciosamente,
Equipe do Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau"

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