
Comida e um lugar quentinho e confortável para dormir são duas das necessidades mais lembradas quando o assunto é população em situação de rua. Mas quem vive essa realidade sabe bem que o acesso a saneamento básico é uma das principais dificuldades para quem não tem uma casa para morar. No Setor Comercial Sul (SCS), o Instituto Cultural e Social No Setor é o responsável por manter o banheiro público localizado na Quadra 5, usado não apenas pelas pessoas em situação de rua, mas também pelos trabalhadores e transeuntes que circulam na região diariamente.
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Para manter o local limpo e funcionando, oferecendo também água potável, o instituto depende de doações da sociedade civil. A água e a luz são fornecidas pela Administração do Plano Piloto. “O banheiro é uma tecnologia social que contribuiu para transformar, em certa medida, o SCS. Antes do banheiro as pessoas não tinham acesso a um vaso sanitário ou chuveiro e todas as necessidades eram feitas em outros espaços. Tem quem ache saneamento uma questão secundária, mas é algo básico que dá dignidade para as pessoas”, aponta o diretor-geral do No Setor, Rafael Reis.
O banheiro foi reinaugurado após 20 anos fechado, em 2020, em meio à pandemia, momento em que houve aumento expressivo no número de pessoas vivendo nas ruas. O local atende mil pessoas por semana, sendo 300 banhos. O No Setor aceita doações em material de limpeza e em dinheiro. O grupo mantém uma página no endereço benfeitoria.com/projeto/contribuanosetor e recebe doações pela chave pix pix@nosetor.com.br.
O Instituto No Setor tem a meta mensal de arrecadar R$ 15 mil, montante que seria o suficiente para ampliar o horário de funcionamento e abrir aos sábados. Nas condições atuais, o banheiro abre de segunda à sexta, das 9h às 16h.
Responsável por cuidar do banheiro, José Salustiano, 30, já esteve em situação de rua. Hoje, ele comanda uma microempresa de limpeza. O empresário conta que o banheiro se encontrava abandonado até que o Instituto No Setor, Associação de Comerciantes e a Administração do Plano Piloto uniram esforços para recuperar o equipamento público. Logo depois, o No Setor adotou o banheiro pelo programa Adote uma Praça, do Governo do Distrito Federal. “Aqui, eles podem lavar roupa, pegar água para fazer comida e beber, tomar banho e fazer as necessidades. Pretendemos, com a captação de recursos, abrir aos finais de semana e em mais horários”, diz.
Dignidade
O banheiro comunitário do Setor Comercial Sul deu mais dignidade para a população em vulnerabilidade que vive na região. Kamylla Eduarda Fernandes da Costa, 43 anos, tem sua barraca próxima ao local e define a iniciativa como uma grande ajuda. “Antes, eu tinha que ir para o banheiro do Centro Pop, na 903 Sul, mas lá é complicado, tem muito preconceito com LGBTs. Aqui é melhor, limpinho, não tem bagunça. Não tenho do que reclamar”, declara.
Leonardo Soares de Abreu, 25, vive no SCS há 16 anos e usa o banheiro todos os dias. “É a melhor coisa que aconteceu na vida dos moradores de rua. Adianta o lado da gente. Antes, as pessoas passavam dias sem tomar banho e beber água era muito difícil”, lembra.
"É um banheiro mais comportado, tem água quente. O banheiro do Centro Pop está em reforma e não dá pra usar", diz Epaminondas Oliveira Gomes, 48. Ele é de Patrocínio (MG) e está em Brasília de passagem. "Toda vez que venho a Brasília eu uso esse banheiro. É muito bem cuidado".
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