Ajuda

Quer ser o melhor amigo dos pets de rua? Saiba como salvar os animais do frio

Projetos sociais percorrem o DF para doar ração e casinhas com material reciclável para cachorros e gatos em situação de rua. A ideia é levar um pouco de conforto aos animais que dormem ao relento

Pedro Marra
postado em 20/06/2023 06:00 / atualizado em 20/06/2023 06:31
Projeto ACR doa comida a pessoas e ração a animais em situação de rua no Gama -  (crédito: Arquivo pessoal)
Projeto ACR doa comida a pessoas e ração a animais em situação de rua no Gama - (crédito: Arquivo pessoal)

Com o inverno mais próximo, os cachorros e gatos em situação de rua também sentem na pele os efeitos da frente fria. A Confederação Brasileira de Proteção Animal (CBPA) estima que mais de 1 milhão de animais estão ao relento nas ruas do DF. O número tem como base cálculo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para aliviar as condições desses animais nessa época do ano, alguns projetos sociais atuam nas ruas como os melhores amigos dos pets.

Especialistas dizem que o abandono pode resultar em animais vulneráveis e suscetíveis a doenças e enfermidades. Com o inverno próximo, a situação se agrava com a queda nas temperaturas, como ocorreu ontem, no Gama, onde foram registrados 9,2°C, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). 

Uma das iniciativas é a Aqueça Corações nas Ruas (ACR), que há cinco anos doa comida e roupas a pessoas vulneráveis e também trata com ração cães e gatos abandonados. Organizada pelas amigas Lívia Almeida, 28, e Bárbara Barros, 29, presidente e vice, respectivamente, a entidade recebe apoio mensal de aproximadamente 35 voluntários e de outros 40 apoiadores que ajudam nas divulgações, doações e auxílios de material reciclável para as ações de toda segunda-feira à noite, no Gama.

  • Veterinária Micaela Albuquerque, 29, com Maria Jerusalém, 59, dona das cadelas Mel e Pitucha. Mariana Lins/Esp. CB/ D.A. Press
  • Jéssica Albuquerque faz casinhas com materiais recicláveis Arquivo pessoal
  • Doguinho come ração em vasilhame feito de descartável Arquivo pessoal
  • Projeto ACR doa comida a pessoas e ração a animais em situação de rua no Gama Arquivo pessoal

 

Lívia explica que quando vão fazer as doações, os cachorros estão acompanhados dos tutores, pessoas em situação de rua. "Sempre que temos condições, levamos rações e água para a semana. Levamos remédios se estiverem precisando, cobertores e lençóis para os animais. Assim vamos tentando sempre fazer algo para que fiquem bem", conta a presidente do ACR.

Durante os encontros noturnos, são entregues marmitas de jantar para as pessoas e rações para os cachorros. "Nas campanhas de agasalho, pedimos lençóis, cobertores e roupas de frio. Fazemos todo o possível para cuidar e melhorar, nem que seja um pouco, a vivência deles pelas ruas da nossa cidade", afirma Lívia.

Maria Jerusalém Soares Gomes, 59, é tutora das vira-latas Mel e Pitucha. A primeira foi adotada quando, durante uma festa em uma chácara de Samambaia Norte, ninguém queria o animal. No último sábado, a dona do lar, ao ver a Pitucha escapar de um atropelamento, não teve dúvidas e  a levou para casa. As duas cadelas estavam com diarreia e foram atendidas em um hospital veterinário da região. A mais nova trata uma dermatite.

Apesar dos altos custos, Maria fica com o coração mole ao se lembrar da infância rodeada de animais, em Novo Santo Antônio, no interior do Piauí. "Adoto porque fico com dó dos animais, mas tenho consciência de cuidar dentro das minhas condições financeiras", conclui.

Casinha reciclável

Outra forma de minimizar as más condições de vida dos pets de rua é doar rações e material reciclável para confeccionar casinhas e vasilhas para alimentar os animais. Esse trabalho é feito pelo Recicla Pet no Gama e em outras regiões do DF desde 2019, ano no qual a advogada Jéssica Fernandes de Albuquerque, 29, teve a ideia de produzir as casinhas com papelão e outros mais resistentes, como sacos de ração para cobrir o lar dos bichos.

Ela conta que desde o início do projeto, a entidade ajudou cerca de 300 cães e gatos com castrações e divulgação em feiras de adoção. Além disso, uma vez por mês, ela ensina voluntários a confeccionar as casinhas com materiais recicláveis. "Eu e minha amiga víamos os animais na rua, encolhidos com frio, aí decidimos fazer as casinhas", recorda Jéssica.

Durante o frio, a imunidade dos animais em situação de rua cai e, com o agravante da alimentação ruim, os bichinhos ficam mais expostos a doenças, como gastroenterite e hipotermia. É o que afirma a veterinária Micaela Albuquerque Milhomem, 29, que recebe uma média de três destes animais no hospital veterinário onde trabalha, em Samambaia Sul. "A maioria deles está desnutrido e corre o risco de ter viroses, que são transmitidas entre eles, se torna um problema de saúde pública para as pessoas, pois muitos têm leptospirose e eliminam parasitas através das fezes, contaminando as cidades", contextualiza.

Segundo Micaela, esses animais costumam ter medo e se tornam agressivos como forma de defesa. "Normalmente sofrem maus-tratos, porque as pessoas passam e chutam eles. Com a adoção, conseguimos dar carinho e fazer uma readaptação para eles viverem bem com o ser humano", avalia.

A presidente da Confederação Brasileira de Proteção Animal, Carolina Mourão preocupa-se com a multiplicação de parasitas, porque esses pets sofrem com pulgas, carrapatos e vermes. "Os carrapatos são considerados parasitas dentro de parasitas, nocivos aos seres humanos, produtores de zoonoses e que, no fim das contas, impactam no Serviço Único de Saúde (SUS)", analisa.

Carolina acredita que uma das saídas para melhorar a situação é fazer um plano de castração dos animais vulneráveis, pois há um problema de saúde pública, compartilhado entre a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e Instituto Brasília Ambiental (Ibram). "Ninguém sabe onde eles estão sendo castrados de forma contínua. Se tiver, é pouca castração para a quantidade de animais abandonados se multiplicando no DF", finaliza.

A Secretaria de Saúde (SES) informa que não possui a competência de recolher animais abandonados. A Gerência de Controle de Zoonoses realiza esse trabalho com cães e gatos que possam oferecer risco à saúde da população, como disseminação de doenças. "Os animais com possíveis vínculos zoonóticos que chegam até o canil da Zoonoses passam por exames de leishmaniose e raiva e, se não for constatada doença, o animal fica apto para a adoção", explica a pasta.

Recicla Pet

Cobertores, potes e ração

Caixinhas de leite limpas e secas

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Contato para doações: (61) 99983-8623

Denúncias de maus-tratos

Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente e a Ordem Urbanística (Dema)

Telefone 197 da Polícia Civil do DF (PCDF)

WhatsApp: (61) 98626-1197

E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br

Site: www.sema.df.gov.br/denuncias-de-maus-tratos

Diretoria de Vigilância Ambiental (Zoonozes)

Contato: (61) 2017-1342

E-mail: zoonosesdf@gmail.com

 


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