A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF) acredita que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem informações para manter a prisão do ex-comandante do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Jorge Eduardo Naime.
Para o presidente da CPI, deputado distrital Chico Vigilante (PT), o ministro sabe mais que a CPI e, por isso, a comissão requereu a reconvocação de Naime. “Existe um cidadão no Brasil, hoje, que sabe mais que todos nós: Alexandre de Moraes, que está mantendo a prisão do coronel Naime. Portanto, ele tem informações que justificam a continuidade dessa prisão, que certamente tem a ver com o que aconteceu no DF no dia 8”, disse o parlamentar.
Sobre o pedido de reconvocação, Vigilante explicou que a história de que Naime estava com cansaço acumulado por se encontrar há mais de um ano sem férias, motivo pelo qual ficou de folga no 8 de janeiro — conforme explicou o comandante-geral Klepter Rosa à CPI — não se sustenta. O ex-chefe do DOP está preso desde a quinta fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, e será reconvocado novamente, após o próprio Moraes liberar uma nova oitiva.
A defesa do coronel já protocolou pedidos para revogação da prisão preventiva, mas todos foram negados pelo STF. Com a ausência de Naime, quem ocupava a função de chefe do DOP era o coronel Paulo José Bezerra, que é apontado pela Polícia Federal como omisso, por não ter realizado o planejamento operacional daquele final de semana do 8 de janeiro.
Associação em defesa de Naime
Em maio, o Fórum das Associações Representativas dos Policiais Militares e dos Bombeiros Militares do DF emitiu um comunicado em defesa do coronel. Na nota, o fórum ressaltou que Naime interrompeu o período de dispensa a que tinha direito, em 2 de janeiro, e decidiu se dirigir à Esplanada dos Ministérios para combater os atos antidemocráticos.
“No dia 08 de janeiro, durante um almoço com a família em seu período de dispensa, ao tomar conhecimento de relatos jornalísticos sobre a situação na Esplanada e na área dos Três Poderes da República, o oficial decidiu retornar a Brasília para oferecer o apoio à tropa. No caminho de volta ele recebeu contato confirmando sua imediata convocação, o que o levou a se dirigir prontamente ao local de conflito, inclusive sem ter a possibilidade de se preparar com a proteção necessária ao que o cenário exigia”, destacou o documento.
“É lamentável para nós, representantes dos policiais e bombeiros militares, ver que após décadas de lealdade ao Estado Democrático de Direito, conduta exemplar nos serviços prestados ao longo da carreira e verificar sua atuação técnica e correta na linha de frente daquele cenário conturbado em que encontrou ao chegar, o oficial foi preso preventivamente sob a fundamentação de omissão. Uma suspeita que não corresponde à personalidade, ao histórico e até mesmo aos graves ferimentos que o Coronel Naime sofreu naquele dia”, detalhou a carta aberta.
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