Cultura

Tradicional Feira do Troca de Olhos D'Água está ameaçada de acabar

Um projeto do pároco da igreja para revitalização da praça onde ocorre a feira pode comprometer o tradicional evento, que existe há quase 50 anos e ajuda impulsionar a economia e o turismo no vilarejo de Olhos D'Água

Na praça em frente à Igreja Santo Antônio, artistas e artesãos expõem seus trabalhos para o público -  (crédito: Prefeitura Municipal de Alexânia)
Na praça em frente à Igreja Santo Antônio, artistas e artesãos expõem seus trabalhos para o público - (crédito: Prefeitura Municipal de Alexânia)
Correio Braziliense
postado em 20/06/2023 06:00 / atualizado em 31/08/2023 15:53

Em sua 96ª edição, a tradicional Feira do Troca — no vilarejo Olhos D'Água, distrito de Alexânia (GO), a 90 quilômetros de Brasília —  promove o artesanato local e o turismo da região. O evento é realizado anualmente nos primeiros finais de semana de junho e de dezembro na praça Santo Antônio. No entanto, no último domingo (11/6) o pároco do local, Cleyton Garcia anunciou em missa na matriz de Alexânia que esse ano foi a última feira, pois pretende revitalizar a praça para realizar ações voltadas para a igreja.

Durante a missa — transmitida nas mídias sociais da Paróquia Imaculado Coração de Maria — o líder religioso disse que pretende realizar um projeto de paisagismo na praça. "Para que olhem para Olhos D'Água de uma forma diferente, expandir o comércio da região, é uma região que precisa ser visitada, e está sendo esquecida. Pois olham somente para aquele miudinho (Praça Santo Antônio)", disse o padre.

A notícia se espalhou entre os moradores do vilarejo, principais interessados, e dividiu opiniões. Criadora da feira e presidente da Associação Comunitária de Olhos D'água (Acorde), Mariana Bulhões, lembra que o terreno onde hoje fica a Paróquia Santo Antônio foi doado por um fazendeiro para construção da capela, como pagamento de uma promessa. "O espaço foi doado para a construção da igreja, mas também é do povo. Para uso de todos os projetos sociais e culturais da comunidade", pondera.

Preocupado com o destino o principal evento do vilarejo, o presidente da Associação dos Artesãos de Olhos D'Água, Djalma Valois, 65, conta que em um fim de semana o evento chega a receber de 10mil a 15 mil pessoas. "A feira tem sido a mola propulsora do turismo e desenvolvimento local, atraindo uma presença maciça de visitantes a cada seis meses", comenta. Morador de Olhos D'Água há 17 anos ele diz que está conversando com a prefeitura local para reverter a situação antes da 97 ª edição, prevista para dezembro. "Esperamos que a diocese recue e libere a praça para realização do evento", declarou.

Ontem foi realizada uma reunião da comunidade local para discutir a realização da próxima feira. "É importante lembrar que nossa vitória será coletiva, não se trata de uma conquista individual. Nossa comunidade unida conseguiu abrir espaço junto ao Poder Executivo para dialogar sobre o problema e encontrar soluções para todos", pontua Djalma.

Resposta

Em nota a Diocese de Anápolis, que abrange o município de Olhos D' Água esclarece que o padre Cleyton Francisco Garcia, pároco da paróquia Santo Antônio, possui poderes conferidos pelo bispo da Diocese de Anápolis para exercer a administração do ambiente. "Observa-se que o Padre Cleyton, em sua homilia proferida no dia 11/06/2023 na matriz de Alexânia, informa de forma sucinta e objetiva que o imóvel onde acontece a "Feira do Troca", ora organizada por um grupo de pessoas, é de posse e propriedade da Diocese de Anápolis. Traz inclusive a notícia que a intenção da paróquia é de trazer mais bem-estar para a comunidade, por meio de uma revitalização da área", diz.

A diocese pontua que os atos de permissão em relação à posse da praça podem ou não ser renovados pela proprietária do imóvel com a Diocese de Anápolis. "Assim, optou-se por comunicar à comunidade sobre a referida decisão, ou seja, de que a "Feira do Troca" não mais acontecerá no imóvel de sua propriedade, sem, contudo, descartar o diálogo com o poder público municipal para a continuidade do referido evento, em outro local situado no distrito de Olhos D'Água. Portanto, em nenhum momento foi dito que o evento seria extinto", frisa.

História

Criada em 1974 pela professora da Universidade de Brasília (UnB), Laís Aderne, a feira teve seu início marcado por trocas de artefatos entre artesãos locais e visitantes. Desde então, se tornou um evento tradicional e emblemático, movimentando a região.

*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

 


  •  A tradicional Feira do Troca está em sua 96 ª edição, sediada no vilarejo Olhos D’água (GO), no distrito de Alexânia, a 90 quilômetros de Brasília, o festival promove o artesanato local e o turismo na região.
    A tradicional Feira do Troca está em sua 96 ª edição, sediada no vilarejo Olhos D’água (GO), no distrito de Alexânia, a 90 quilômetros de Brasília, o festival promove o artesanato local e o turismo na região. Foto: Arquivo da Prefeitura Municipal de Alexânia
  •  A tradicional Feira do Troca está em sua 96 ª edição, sediada no vilarejo Olhos D’água (GO), no distrito de Alexânia, a 90 quilômetros de Brasília, o festival promove o artesanato local e o turismo na região.
    A tradicional Feira do Troca está em sua 96 ª edição, sediada no vilarejo Olhos D’água (GO), no distrito de Alexânia, a 90 quilômetros de Brasília, o festival promove o artesanato local e o turismo na região. Foto: Arquivo da Prefeitura Municipal de Alexânia
  •  A tradicional Feira do Troca está em sua 96 ª edição, sediada no vilarejo Olhos D’água (GO), no distrito de Alexânia, a 90 quilômetros de Brasília, o festival promove o artesanato local e o turismo na região.
    A tradicional Feira do Troca está em sua 96 ª edição, sediada no vilarejo Olhos D’água (GO), no distrito de Alexânia, a 90 quilômetros de Brasília, o festival promove o artesanato local e o turismo na região. Foto: Arquivo da Prefeitura Municipal de Alexânia
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