CPI dos Atos Antidemocráticos

Blindado que custou R$ 1,6 mi apresentou pane no 8/1, diz coronel

O equipamento estreou no DF durante o jogo de despedida de Neymar Jr. no Santos, em 2013, e, quase 10 anos depois, falhou ao não impedir invasores aos prédios dos Três Poderes

Pablo Giovanni
postado em 15/06/2023 15:26 / atualizado em 15/06/2023 15:28
Equipamento apresentou pane no 8 de janeiro -  (crédito: Arquivo/CB)
Equipamento apresentou pane no 8 de janeiro - (crédito: Arquivo/CB)

O comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Klepter Rosa, afirmou, em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, que um blindado — chamado de Centurion — da corporação apresentou uma “pane” durante os atos de 8 de janeiro, quando os policiais tentavam impedir a invasão de manifestantes aos prédios dos Três Poderes. O blindado foi entregue à corporação em 2013, após ser comprado pelo valor de R$ 1,6 milhão.

Ao responder uma pergunta do deputado distrital Gabriel Magno (PT-DF) sobre rumores de que o blindado estaria danificado, o coronel explicou que o carro estava em campo no 8 de janeiro, mas que em determinado momento, apresentou uma “pane”.

“O interventor solicitou que eu apresentasse para ele o oficial que estava comandando a tropa. Foi relatado à época essa questão da pane. O tenente chegou até a mostrar um áudio do motorista do Centurion avisando de que havia um problema no balão de ar”, disse.

“Realmente, é uma viatura antiga. Precisa de manutenção constante. Após esse fato, foi solicitado se houve, realmente, um conserto. E teve um conserto, com nota fiscal, e o processo que comprova que o veículo apresentou dano. Por se tratar de um veículo muito pesado, com muitos anos de operação, ele apresenta panes de tempos em tempos. Inclusive, uma das nossas ações é começar um processo de novas contratações, para que não ocorra mais”, completou Rosa.

Em 2013, dois blindados foram comprados pelo governo do Distrito Federal por R$ 3,2 milhões — R$ 1,6 milhão cada. O objetivo da aquisição, à época, era ter uma ferramenta para auxiliar no controle de manifestações e em grandes eventos, como a Copa da Confederações e a Copa do Mundo. 

Os carros são equipados com três câmeras (uma de 360 graus e infravermelho e duas para o controle do motorista), canhão de água com alcance de 50 metros, limpa-trilhos, ar-condicionado, pintura antichamas, pneus reforçados e espaço para acomodar até 21 pessoas.

Esses veículos são geralmente usados para controlar distúrbios civis, evitando contato físico dos policiais com manifestantes. Os blindados, à época, foram apelidados pelo batalhão de Choque como Centurion, que remete à ideia de uma força equivalente a 100 homens. Os carros têm carga de até 33 toneladas, motores com 440 cavalos de força e rodam até 50 km com pneus vazios.

A estreia do equipamento ocorreu no jogo entre Santos e Flamengo, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, que marcou a despedida do atacante Neymar Jr. do time paulista. Quase 10 anos depois, o equipamento falhou ao não impedir os invasores nos prédios dos Três poderes.

  • Equipamento apresentou pane no 8 de janeiro Arquivo/CB
  • Equipamento apresentou pane no 8 de janeiro Arquivo/CB
  • Equipamento apresentou pane no 8 de janeiro Arquivo/CB

CPI

O comandante-geral foi ouvido na manhã desta quinta (15/6) na CPI dos Atos Antidemocráticos. O oficial assumiu o maior cargo da corporação durante a intervenção federal, após os ataques aos prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro.

Klepter seria ouvido, inicialmente, em 29 de junho — última oitiva antes do recesso parlamentar. No entanto, o cronograma foi modificado depois de integrantes da comissão terem sido procurados pelo ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general G. Dias, que pediu que o depoimento dele fosse adiado. Com isso, o presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), decidiu adiantar a oitiva do comandante-geral.

O oficial é citado em depoimentos por dar folga ao ex-comandante do Departamento de Operações (DOP), Jorge Eduardo Naime, além de deixar a tropa de sobreaviso, no dia 7. Nos atos de 8 de janeiro, Klepter era subcomandante-geral da PMDF.

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