Morre Pedro Beghelli, co-fundador da empresa de engenharia aeroespacial da UnB

Pedro morreu nesta terça-feira (13/6), aos 28 anos, por complicações de um câncer raro. Amigos e familiares lamentam a partida do engenheiro espacial

Yasmin Rajab

postado em 14/06/2023 13:14 / atualizado em 14/06/2023 16:12

Pedro Beghelli morreu por complicações de um câncer raro descoberto em 2022 - (crédito: Arquivo pessoal)

Morreu, na manhã desta terça-feira (13/6), Pedro Beghelli, um dos fundadores e ex-diretor da Zenit Aerospace, empresa de Engenharia Aeroespacial da Universidade de Brasília. O engenheiro aeroespacial tinha 28 anos e estava em tratamento para combater um câncer raro, descoberto em 2022. 

Juliana Ishida, noiva de Pedro, lamentou a morte do companheiro e amigo, que conhece desde os 14 anos quando se conheceram no Colégio Militar de Brasília. "Pedro deixa muito amor a todos os familiares e amigos que aqui ficam. Ele vive em cada um de nós com a força que o proporcionou aproveitar o novo dia, mesmo diante uma doença difícil, árdua e dolorosa, sempre sorriu. Assim, Pedro foi um homem de fé e continua sendo no céu, guardando a todos", escreveu Juliana sobre o amado. O velório e o sepultamento do engenheiro ocorreram no mesmo dia da morte, no Cemitério Campo da Esperança. 

Pedro e a noiva, Juliana, quando estudavam no Colégio Militar de Brasília. Os dois tinham 14 anos e estavam juntos desde então (foto: Arquivo pessoal)

Pedro se formou em engenharia aeroespacial na Universidade de Brasília (UnB), alimentado pela paixão por aviões e satélites. Juliana conta que ele era uma pessoa "muito inteligente". A paixão o levou a fundar a primeira empresa júnior de engenharia aeroespacial da UNB, a Zenit Aerospace. Por ela,  Pedro teve a oportunidade de viajar para outros países e já chegou a apresentar um trabalho sobre o desmatamento florestal da Amazônia.

"Ele entrou na Zenit, onde fez grandes amizades, desenvolveu um senso de comunicação entre as pessoas e administração de empresas, foi muito bom pra ele. Teve a oportunidade de ir para fora do Brasil, fez estágio na Polônia, apresentou trabalhos científicos sobre o uso de satélites e mapeamento do desmatamento florestal da Amazônia, que foi apresentado na Itália", conta.

Por meio das redes sociais, a direção atual da empresa escreveu sobre a morte do fundador. "Nossas sinceras condolências à família e amigos neste momento difícil. Que encontrem conforto nas lembranças e no amor que deixou como legado", diz a publicação. 

A Geoespaço, empresa em que Pedro ocupou o cargo de diretor-geral por dois anos, também lamentou o falecimento do engenheiro. "Até breve, Beghelli! Obrigado por tudo que fez pela Geoespaço. Sentiremos sempre sua falta", escreveu a direção da instituição. 

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Homenagens

Monique Martins trabalhou ao lado de Pedro na Geoespaço. Ela o define como "um homem sábio, de poucas palavras, porém sempre certeiras, que tinha um coração voltado ao próximo". "O Pedro Begelhi foi uma pessoa rara, daquelas que você entende ser um presente de Deus ao se deparar na sua jornada. Um homem sábio, de poucas palavras, porém sempre certeiras, que tinha um coração voltado ao próximo. Um homem de muita fé, extremamente positivo, que não deixou transparecer o peso do fardo que carregava nos últimos meses. Um sonhador, que sempre visualizava o futuro da Geoespaço com muita alegria, convicção essa que nos impulsionava como time. Era temente a Deus, e sua fé nos consola para acreditarmos que ele está ao lado do pai. No lugar que ele merece e sempre acreditou estar um dia", descreveu o amigo. 

Fernanda Cyrne foi colega de graduação de Pedro. Ela lembra que sempre foi ajudada pelo amigo, que estava ao seu lado em todos os momentos. A parceria foi além da sala de aula. Fernanda foi quem ajudou Pedro a fundar a Zenit. "Foi graças ao esforço do Pedro que a empresa existe hoje... Foi graças à ele que a empresa conseguiu crescer como cresceu no tempo que a gente estava na UnB", ressalta. Com admiração, a jovem reafirma o esforço e a dedicação de Beghelli com o trabalho e os estudos. "Hoje sou quem eu sou porque eu tive o Pedro comigo, foi um dos melhores amigos, uma pessoa extremamente bondosa, empática e carinhosa", completou. 

Caio Franco também foi colega de faculdade de Pedro, e reitera o compromisso que o engenheiro tinha de ajudar o próximo e ser uma pessoa melhor. "Nas maiores dificuldades, em situações de estresse, ele era a referência para trazer calma e conforto. Tanto por isso que nas horas mais felizes, sua alegria contagiava todos ao redor e tornava esses momentos ainda mais especiais. Entramos no mesmo semestre na faculdade, mas nos aproximamos mesmo no período que fizemos parte da empresa junior Zenit Aerospace", disse.

"Lá tive a honra de trabalhar com o Pedro e ver se transformando no grande profissional e líder que ele foi. Após 3 anos de EJ, trabalhamos juntos novamente na equipe de competição de foguetes Capital Rocket Team, onde o Beghelli se mostrou um engenheiro habilidoso, além de ser um membro fundamental que orientava os mais novos e inspirava todos nós. Isso sem falar em todos os trabalhos da faculdade que fizemos juntos, finais de semana estudando para provas e todos os desafios da vida universitária que foram muito mais fáceis simplesmente por ter a companhia dele para enfrentá-los", declarou.

"O Pedro deixou memórias incríveis em todos que tiveram a chance de conhecê-lo. A dor da perda é grande, mas sou extremamente grato pela oportunidade de ter vivido momentos incríveis com ele. Beghs, você fará muita falta aqui, descanse em paz", completou.