Há dias, moradores do Parque Marajó, em Valparaíso de Goiás, convivem com o medo. Na última terça-feira (6/6), onças entraram em uma chácara na zona rural e mataram 14 ovelhas e feriram outras três, que apresentavam marcas de garras e de mordidas, deixando um prejuízo estimado de R$ 15 mil, segundo os donos do imóvel. No espaço, são criados também gado, galinhas, porcos e cabras, além de uma égua um burro.
As onças não foram mais vistas, de acordo com a proprietária da chácara, Eunice Vieira, 47 anos. Na manhã de quarta-feira (7/6), equipes da Secretaria de Meio Ambiente do município goiano foram ao local para fazer uma perícia. Procurado pelo Correio, o órgão destacou que, diante da gravidade do ocorrido e da necessidade de uma intervenção especializada, foi enviada à chácara uma equipe de resgate de animais silvestres, composta por biólogos e médicos veterinários. Na análise inicial, não foi possível precisar a quantidade de onças, mas a suspeita é a de que tenham sido duas — uma de grande e outra de pequeno porte —, em função do tamanho das pegadas.
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A secretaria segue acompanhando o caso e visitando as propriedades rurais da região para instruir os moradores. "A orientação é que adotem mais cuidados com os animais que são criados no local, tornando-os mais seguros, fechados", informou, em nota. A confirmação até o momento é de que o ataque foi feito por felino de grande porte, podendo ser onça parda. "Estamos analisando os fatos e obtendo informações para ter uma solução precisa. No local, identificamos pegadas e rastros que estão sendo analisados", prossegue. Segundo a pasta, a perícia também vai identificar as circunstâncias do ataque e as medidas necessárias para prevenir ocorrências futuras.
Medo
Eunice destacou que o marido ama a criação de animais e passou mal quando foi avisado da matança. "A pressão dele subiu, porque ele teme pelos outros animais que temos e pelas pessoas." A dona da chácara contou que as onças levaram ovelhas menores com elas.
A proprietária do imóvel relatou ao Correio que os moradores próximos suspeitam que as onças ainda estão pelas redondezas. "Um vizinho de outra chácara viu pegadas na quarta à noite, perto de 21h20", contou. Para proteger os animais, Eunice revelou que o caseiro está de prontidão, vigiando o local. "É perceptível que os animais estão muito assustados", disse. As ovelhas mortas pelas onças foram enterradas na quarta-feira, em um buraco cavado na propriedade, para evitar que entrassem em estado de decomposição, gerando mau cheiro e risco de doenças.
A chacareira faz um apelo aos órgãos competentes para que resolvam a situação, para que ela e a vizinhança consigam se sentir seguras novamente.
O caseiro do lote onde ocorreu o incidente, Carlos Alberto de Sousa, 34, levou um enorme susto quando viu as ovelhas feridas e mortas. Ele e a esposa, Antônia Maria Carvalho, 38, não ouviram nada na madrugada do ataque. "As ovelhas não fizeram barulho nenhum e nem os outros animais deram o alarde", comentou ao Correio. Carlos disse ainda que ele e outros moradores da região chegaram a ver uma onça de cor escura uma semana antes e também na noite de terça-feira (6/6). "Ela voltou depois de matar as ovelhas e estava puxando uma das que morreu para a mata. O desastre foi grande", lamentou.
Quem viu as ovelhas mortas primeiro foi Antônia. Ela acordou cedo para ver os animais da propriedade e, de cara, deparou-se com três ovelhas estraçalhadas, do lado de fora do curral. "Prendemos todas na noite anterior. Levei um susto", relembrou. Ao abrir o curral, outra cena de terror. "Era ovelha com a cabeça arrancada, com as pernas quebradas e muito sangue para todo lado, horrível", recordou a caseira.
Ecossistema
O biólogo PhD em neurociência Fabiano de Abreu avalia que esse tipo de ataque por onças pode acontecer devido ao ecossistema, mas, nestas proporções, é um acontecimento incomum. Uma hipótese, conforme o especialista, é que tenha havido uma invasão ao território delas.
Abreu explica que uma onça pode pesar até 158 kg. "Com unhas fortes e afiadas, são ótimas corredoras, mas também possuem um bom desempenho na água. Alimentam-se basicamente de mamíferos de pequeno porte, a exemplo das capivaras, coelhos e veados. Além disso, é reconhecida pela mordida capaz de perfurar o casco de tartarugas", observou.
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