Saúde

Doenças do sistema respiratório fazem lotar hospitais do DF

As baixas temperaturas e a umidade do ar reduzida favorecem a incidência de infecções virais em junho e julho

Naum Giló
postado em 07/06/2023 06:00
Evanildes Araújo está constantemente indo ao hospital há dois meses, para o tratamento do neto Pedro -  (crédito: Mariana Lins/CB)
Evanildes Araújo está constantemente indo ao hospital há dois meses, para o tratamento do neto Pedro - (crédito: Mariana Lins/CB)

Junho e julho são os meses que, geralmente, registram as temperaturas mais baixas. É um período que exige cuidados extras com a saúde, principalmente com o sistema respiratório, que fica mais vulnerável. Este ano, até 21 de maio, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde (SES-DF), houve 393 casos de covid-19, 212 de influenza e 1.120 de outros vírus respiratórios. A influenza matou seis pessoas, enquanto a covid-19 foi a causa de cinco óbitos. Do total de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (1.725), que engloba os três grupos, a faixa etária mais acometida é de crianças de até 10 anos, que correspondem a 76,7% das ocorrências.  

Há dois meses, Evanildes Gomes Ferreira Araújo, 47 anos, busca a cura do neto, Pedro Anthony, 3. "Dá até febre. Levamos para o hospital, passaram antibiótico e voltamos para casa. Nos últimos dias, o quadro se agravou e os exames indicaram pneumonia", conta a avó. Como forma de tratar a enfermidade, o menino tem sido submetido à nebulização e lavagem nasal, além de ser medicado com antibióticos. "Depois que ele passou a frequentar a escola, fica doente direto", observou Evanildes, enquanto esperava o neto ser atendido no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib).

Nathália de Quadros, 18, buscava atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) 1, da Asa Sul, para tratar dos sintomas que vem sentindo desde o mês passado. “Tive uma gripe muito forte e, desde então, a minha asma tem atacado mais e de maneira mais forte. Havia sete anos que não tinha uma crise assim”, conta a estudante. Ela relata que sai de casa cedo, quando está mais frio, e as temperaturas mudam rapidamente ao longo do dia, o que acaba impactando na saúde dela. No cursinho onde estuda, Nathália percebe que não é só ela que anda adoentada. “Muitos dos meus colegas também estão doentes. Ficamos todos no mesmo ambiente fechado. Se um adoece, todos passam pelo risco”, diz.

Cuidados

"O frio e a secura deixam as mucosas mais sensibilizadas. Por isso, a importância de se hidratar bebendo líquidos, fazendo lavagem nasal com soro fisiológico e usando colírios. Toda mucosa ressecada pode ser porta de entrada para doenças", informa o pneumologista João Daniel Rego. Outro fator que favorece a transmissão de doenças é o hábito de frequentar ambientes fechados nesta época.

De acordo com o médico, o mais comum são as infecções por vírus, como os da gripe, da covid-19 e o sincicial, que acomete mais crianças e idosos. O especialista também alerta para o risco de pneumonia, que ocorre quando a imunidade do paciente está baixa por conta de uma outra infecção já instalada, ocasionando a proliferação desequilibrada de bactérias existentes no corpo. Sinusite e rinite também costumam se agravar no inverno. O pneumologista João Daniel Rego confirma ainda que as mudanças de temperatura causam a piora dos sintomas da asma, como aconteceu com a estudante Nathália.

Nathália de Quadros sofre de asma e piorou com o frio e a seca
Nathália de Quadros sofre de asma e piorou com o frio e a seca (foto: Mariana Lins )

Além da hidratação, Rego enumera outros cuidados. "Frequentar ambientes mais arejados, evitar aglomerações, higienizar as mãos e evitar colocá-las na boca ou nos olhos. Fora isso, a vacinação em dia, que evita complicações em caso de infecções, não fumar, alimentação saudável e exercícios físicos também ajudam na imunidade", elenca. O especialista lembra que o uso de máscara facial não é mais obrigatório, mas é o equipamento recomendado para dificultar a transmissão de doenças, caso a pessoa apresente sintomas respiratórios.

 

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