De 5 a 9 de junho, Brasília vai sediar o primeiro congresso sobre a arborização no Distrito Federal. Durante o evento temático, um dos tópicos abordados será a falta de manejo e planejamento para a preservação das cerca de 5,5 mil árvores plantadas na capital federal.
O projeto é do gestor ambiental Paulo Gregório. No ano passado, o especialista foi contratado pela Embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) para avaliar a proposta de instalação do canteiro de obras da nova sede. Enquanto fazia a análise técnica, o engenheiro observou a necessidade de diálogo entre órgãos do poder público responsáveis pelo meio ambiente e também participação da sociedade para defender o verde na capital do país. "A ideia começou a nascer ao notar que, apesar de Brasília possuir muitas árvores plantadas, elas precisam de um cuidado mais especial", explica.
Um dos temas abordados no congresso é o envelhecimento de árvores, que oferecem riscos para a população, causando prejuízos materiais e danos físicos, segundo o gestor ambiental Paulo Gregório.
"Temos quedas que provocam acidentes graves. Cuidar do meio ambiente é também proteger as vidas das pessoas", alerta o pesquisador. No ano passado, por exemplo, a queda de um pinheiro podre no Parque da Cidade durante um piquenique atingiu um adolescente de 15 anos e reacendeu um alerta. Levantamento recente feito pela Novacap revelou que mais de 100 árvores correm risco de cair no DF.
De acordo como gestor ambiental, um fator que contribui para a queda de árvores podres, principalmente durante as chuvas, é que parte delas foram plantadas na construção de Brasília. "Ou seja, a capital necessita de uma nova arborização, desde as áreas mais nobres, passando pelos canteiros centrais, até em outras regiões do DF", enfatiza Gregório, citando que a vizinha Goiânia é a quinta cidade mais arborizada do país. "Devemos seguir o modelo e cuidar do verde da nossa capital", conclui.
A proposta do I Congresso Brasília Meio Ambiente — Arborização e agronomia urbana é que o tema possa ser debatido entre entidades, órgãos do governo e sociedade. O objetivo é buscar pautas e ações que aprimorem conhecimentos técnicos para uma nova forma de manejo e cultivo no Distrito Federal. "Defendo que a comunidade também possa ser realmente ouvida e participativa. Temos o projeto Ipês, em que podemos distribuir até 20mil mini mudas, doar para as escolas fazerem um projeto pedagógico com os alunos, em que eles vão plantar em áreas que indicamos, juntamente com Ibram, em unidades de conservação. Hoje são mais de 80 áreas", finaliza.
Na cerimônia de abertura do congresso,200 mudas serão entregues ao Centro de Ensino Fundamental 11 (CEF) Ceilândia para que os alunos cultivem, até o período de chuvas. No dia da árvore, comemorado em 21 de setembro, o plantio será feito em uma das áreas de conservação ambiental próxima da escola.
Sombras e frutas frescas
Por ser planejado, o Plano Piloto é o local que possui mais árvores. Além da exuberância, a vantagem do arborismo não está apenas no conforto visual. As árvores purificam o ar, proporcionam sombra, atenuam a luminosidade excessiva e o calor, além de melhorar a umidade do ar e reduzir a ação dos ventos. Na capital federal, das mais de mil espécies. Além dos famosos e deslumbrantes ipês roxo, rosa, branco, amarelo e verde, de acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), existem árvores frutíferas como amoreira, jaqueira, mangueira, abacateiro, nespereira, joá, jenipapeiro, sapucaia e nativas como cagaiteira, jatobá, baru, araticum e pequi.São 950 mil frutíferas de 35 espécies plantadas. Tantas que, atualmente, a Novacap implanta apenas 10% de frutíferas das 100 mil espécies de árvores e arbustos estabelecidos no programa de arborização, que ocorre de outubro a março, quando as chuvas estão mais intensas e contínuas.
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