O assassinato de um homem, de 37 anos, em Brazlândia, foi usado como “isca” para o recrutamento de dois criminosos para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Denerson Albernaz, que era sobrinho de um policial militar do DF, foi executado com um tiro na cabeça na frente da mãe, em 25 de setembro de 2022, em Brazlândia.
Antes de ser morto, Denerson foi ameaçado pelos suspeitos. No dia do crime, a vítima recebeu de um colega um bilhete com os nomes de três traficantes da área que tinham a intenção de matá-lo. O papel foi encontrado no bolso do homem após a execução. Denerson estava em cima de uma motocicleta, conversando com a mãe, quando um dos assassinos se aproximou de bicicleta e disparou contra o rosto dele. O comparsa veio logo atrás para assegurar a segurança e a realização do crime.
A motivação, segundo as investigações da Polícia Civil (PCDF), era referente a uma suposta denúncia do tráfico de drogas na Quadra 58 da região. Nas investigações conduzidas pela 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) no âmbito da segunda fase da operação Sicário — que resultou na prisão de 11 membros do PCC e um do Comando Vermelho nesta segunda-feira (29/5 —, os investigadores descobriram que dois membros da facção paulista “exigiram” dos dois executores de Denerson a morte dele, caso quisessem ser “batizados” na organização criminosa. Os dois assassinos, que estão detidos na Papuda, foram alvos de mandados de prisão na operação desta manhã.
Operação
As investigações da segunda fase da operação Sicário começaram há dois meses, com a prisão de Gabriel dos Santos Lima, integrante do PCC e responsável pelo recrutamento de novos faccionados em Brazlândia. À época, foram identificadas ordens de ataque à polícia e à população de Brazlândia emitidas pelo pai, Walter Pereira de Lima, mais conhecido como Waltinho. Walter teria recrutado o filho para a missão de “batizar” novos membros para o PCC e “aterrorizar” a região de Brazlândia.
Na primeira fase da operação foram presos Gabriel e Grasielly dos Santos Oliveira, esposa de Walter. O aprofundamento das investigações apontou que outros faccionados atuavam em Brazlândia em duas frentes: no tráfico de drogas (PCC) e roubo, receptação e adulteração de veículos (CV).
Apurou-se que parte dos comandos que chegava aos faccionados soltos – que, no PCC, integram a chamada “sintonia da rua” – era transmitida por faccionados presos.
“A investigação contou com o apoio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seape), Polícias Penais do Distrito Federal e do Estado de Goiás, além da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal. O enfrentamento às organizações criminosas exigiu o cumprimento de busca em celas, análise de teor de bilhetes compartilhados entre custodiados e a inclusão de lideranças negativas no Regime Disciplinar Diferenciado", afirmou o delegado-chefe da 18ª DP, Fernando Cocito.