PROJETO JOVEM DE EXPRESSÃO

Projeto Jovens de Expressão completa 15 anos com motivos para comemorar

Com atuação na periferia do DF, o projeto transformou a realidades de milhares de garotos em situação de vulnerabilidade social incentivando os estudos, oferecendo oficinas, assistência psicológica, e estimulando o empreendedorismo

Gabrielle Almeida, 26 anos, estuda engenharia aeroespacial na Universidade de Brasília, câmpus do Gama, e está no 8º semestre. Parte do mérito por conseguir ingressar uma escola pública de ensino superior, a garota credita ao Projeto Jovens de Expressão, que tem como objetivo promover a saúde de jovens entre 15 aos 29 anos, realizando ações de terapia comunitária; prevenção à violência, ao crime e abuso de drogas; incentivando práticas saudáveis e o empreendedorismo.

"Comecei a frequentar o projeto para estudar e depois entrei no pré-vestibular. Foquei nas aulas de português, meu ponto fraco, depois virou uma troca de conhecimentos e eu acabei dando monitoria de física, matemática, química e biologia. Então, todo mundo se ajuda por aqui", destaca. Grabrielli sempre gostou da área da ciências. Ela conta como o programa a ajudou conquistar uma vaga na UnB. "Claro que é necessário querer, mas o projeto te dá as ferramentas para chegar aonde você quer", explicou.

 

Conteúdo de Divulgação - Oficinas como a de dança são gratuitas e ajudam a melhorar o corpo e a mente dos jovens
Conteúdo de Inauguração - Muitos alunos que frequentaram o de pré-vestibular comunitário ingressaram em universidades
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - Larissa Benda Cordeiro (E), Gu Da Cei e Rayane Soares hoje trabalham no projeto que participaram

Em atividade há 15 anos na Praça do Cidadão da Ceilândia, o programa já atendeu milhares de jovens de regiões administravas do DF e do Entorno, proporcionando, de forma gratuita, a inserção deles em diversas atividades como oficinas de dança, pintura, fotografia, cursinho pré-vestibular, galeria de arte RisoFloras, terapia e uma rede de apoio, onde todos todos colaboram. 

A coordenadora do Jovem de Expressão Rayane da Silva explicou que as turmas para as oficinas abrem a cada trimestre com aproximadamente 150 jovens. "Nas quartas-feiras temos os plantões com os psicólogos que atendem de forma individual e temos o pré-vestibular comunitário, que existe há cinco anos e conseguiu colocar mais de 250 jovens dentro de universidades, inclusive fora de Brasília", comemora.

A assistente social Larissa Cordeiro, 25, entrou no projeto com 15 anos, em 2013. Na época, o Jovem de Expressão levou uma batalha de Rap ao colégio da garota. "Isso me atraiu a conhecer o espaço e entrei na oficina de dança. O projeto mudou minha vida para melhor em questão de saúde mental e até mesmo física. Cheguei a seguir carreira de dançarina". Larissa também ajudou a criar um coletivo com mulheres negras voltado para a questão ambiental chamado Filhas da Terra. "Depois, o Jovem de Expressão conseguiu o fomento financeiro para este projeto e conseguimos atuar na questão ambiental dentro das periferias", conta orgulhosa.

Desde pequeno, o artista plástico Gu da Cei via o projetos acontecer e sempre quis participar. Ao completar a idade mínima se ingressou e teve acesso a várias atividades. "Fiz muitas oficinas de dança, teatro e produção cultural e hoje eu ajudo na comunicação e sou uma dos curadores da galeria RisoFlora, que é a unica galeria de arte de Ceilândia, onde movimentamos várias exposições de artistas da comunidade", recorda. O artista acredita que se eu não tivesse conhecido o projeto, não teria tido as conquistas pessoais. "Porque  expandiu meus horizontes, estar aqui vai além da formação é um ponto de encontro da juventude onde acontecem trocas de ideias. "

Inicio de tudo

Segundo a coordenadora Rayane, o projeto Jovem de Expressão surgiu em 2007, a partir de uma pesquisa sobre vulnerabilidade na juventude. "A Ceilândia tinha um índice bem grande de jovens sem perspectivas, então o projeto surgiu como resposta. Eu acho que a questão de acesso à cultura e à arte ainda é muito precária, tanto que a gente tem poucos equipamentos públicos voltados a cultura aqui", constata. "Espaços como a Praça do Cidadão, que antes era usado para toda forma de violência, hoje é ocupado com coisas positivas", conclui.