Retrato lúdico e poético de uma parcela da sociedade que está distribuída pelo interior do Brasil, as festas juninas integram a nossa cultura e ganharam os grandes centros urbanos. As celebrações vão além das origens religiosas, mas, na Igreja Católica, a época é uma comemoração especial para os paroquianos. Pelas ruas do Distrito Federal, bandeirinhas penduradas anunciam a chegada das quermesses de São João com o clima de muita animação de um público cativo e ansioso para driblar o frio com muito quentão e arrasta-pé. A programação que promete divertir os brasilienses conta com cores vivas, ritmos contagiantes, comidas que aguçam o paladar e as quadrilhas que divertem e emocionam.
Os eventos também são marcados pela atuação do famoso correio elegante, responsável por promover uma atmosfera acolhedora de paquera, especialmente entre os mais jovens. E, no mês dedicado aos namorados e ao padroeiro do casamento, Santo Antônio, a celebração nupcial caipira — um dos momentos mais esperados dos arraiás — ultrapassam o limite da ficção quando romances de verdade acontecem e as uniões matrimoniais se tornam reais na vida dos dançarinos.
Giovanna Pati, 23 anos, e o marido, Guilherme Torres, 27, se casaram neste mês, depois de sete anos do namoro que começou durante uma festa junina na igreja Nossa Senhora da Esperança, na 307/308 Norte. É com muita empolgação que ela descreve a importância dos festejos, ambiente que proporcionou não apenas o encontro, mas também a vida em comum do casal. "Fazíamos parte do grupo Pastoral Jovem da paróquia e foi durante uma quermesse, em 2016, que eu tive a iniciativa de fazer uma brincadeira com um colega de grupo sem imaginar que ele se tornaria meu marido", conta a noiva caipira fixa do grupo.
Naquele ano, Guilherme e Giovanna não dançariam como casal a quadrilha, mas, por um acaso do destino, seus pares faltaram e eles então se apresentaram juntos. Ao final da música, Giovanna, que era responsável por fazer a entrega dos bilhetes do correio elegante no dia, resolveu fazer uma brincadeira com o colega, dizendo que tinha uma mensagem para entregar a ele, o que não era verdade. Ao perceber a decepção e frustração no rosto de Guilherme ao ver que se tratava apenas de uma brincadeira, a moça sentiu remorso. "Para resolver a situação, resolvi escrever e enviar um correio elegante para ele", relata Giovanna.
Ao receber o bilhete, Guilherme revidou a atitude devolvendo à moça um recadinho e, quando ela recebeu, logo reconheceu aquela letra. A partir desse momento, os dois perceberam a atração que um sentia pelo outro e não se largaram mais. O namoro começou, engatou e floresceu. "Foram sete anos dançando quadrilha juntos, período que só fez nosso amor e a paixão crescer. O resultado disso é que nos casamos no último dia 13", conta Giovanna, frisando que eles nunca mais deixarão de dançar quadrilha.
Frutos do arraiá
Amor à primeira vista foi o que aconteceu entre Diego Almeida, 33, e Maria Luiza, 24. Eles só se conheciam por fotos, até que se encontraram em 2016, para um apresentação de quadrilhas no Itapõa.
Membro do grupo Xamegar, Diego conta que, quando olhou a moça, integrante da Si bobiá a gente pimba, ele sabia que ela era a mulher da sua vida e começou a pensar em como abordar a pretendida. Foi no final do evento, quando chegou o momento de todos dançarem o quadrilhão, que ele agiu: fez o convite para o arrasta-pé. Entre um passo e outro, o flerte aconteceu e a paixão nascia naquele momento entre os dois.
O romance cresceu e frutificou. O casal, que vive juntos desde 2018, tem dois filhos. Diego e Maria continuam dançando quadrilha todos os anos, agora acompanhados pelos filhos Bento, 3, e Aurora, 1, para consolidar o início da história de amor. Para Diego, que se declara completamente apaixonado pela mulher, as festas juninas e as quadrilhas têm um significado muito especial. "Só tenho agradecer. Sou muito feliz e foi o São João que me deu essa família. O maior fruto desse amor, que teve início no quadrilhão, são nossos dois filhos. Não tem como não relacionar nossa história, nosso imenso amor com a magia do São João", conta ele, emocionado.
Dona Estelita Leite da Conceição, 59 anos, e o esposo, Mário de Jesus Magalhães Conceição, 62, participam das festas juninas na igreja Nossa Senhora de Fátima, em Taguatinga Sul, há mais de dez anos. Ela conta que, durante as apresentações de dança coletiva, presenciaram noivos de quadrilha que viraram casais da vida real, com matrimônios que deram frutos. Ela ressalta, ainda, que o mais importante nesses anos participando dos festejos de São João foram as amizades que o casal conquistou. "As nossas mais belas e preciosas. Somos gratos pelos amigos que conseguimos conquistar nesses dez anos de convivência com a comunidade paroquiana nas festas juninas", disse a aposentada.
Roteiro
» Paróquia Santa Terezinha (Cruzeiro novo)
Data: Amanhã e domingo; 3 e 4/6
Local: SHCES Q.8 801, Cruzeiro Novo, em frente ao Terraço Shopping
» Paróquia São Judas Tadeu
Data: Hoje a domingo
Local: SGAS 908 Sul
» Paróquia Santo Antônio
Data: 2 a 4/6 e 9 a 13/6
Local: SGAS 911 Sul
» Paróquia Nossa Senhora da Consolata
Data: 2 e 3/6
Local: SGAN 913 Norte
» Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe
Data: 2, 3 e 4/6
Local: EQS 311/312 Asa Sul
» Paróquia Nossa Senhora da Esperança
Data: 3 e 4/6
Local: EQN 307/308 Asa Norte
» Paróquia São Pio de Pietrelcina
(Sudoeste)
Data: 16, 17 e 18/6
Local: Próximo ao Pão de Açúcar, no templo
» Paróquia Catedral Rainha da Paz
Data: 16, 17 e 18/6
Local: Via canteiro central do Eixo Monumental, rua G, SMU
» Paróquia Imaculada da Conceição
16 e 18/6
Local: AE 2, lote 8,
Setor Central do Gama
São João do Guará
22 a 25/6
Local: Guará II EQ 31/33
Colaborou Mariana Saraiva