Parque das Garças: piquenique e protesto em defesa da reserva ambiental

A insatisfação dos frequentadores do Parque das Garças com o destino do espaço reuniu cerca de 1 mil pessoas e resultou em pelo menos 650 assinaturas em um abaixo assinado exigindo a regularização e a ampliação da unidade de conservação.

Criado há 21 anos, o parque fica ao lago do Clube do Congresso, no fim do Lago Norte. Além das aves que deram origem ao nome do parque, outras 56 espécies como corujas, quero-queros, mergulhões e patos, já foram identificadas na reserva, que conta também com 500 árvores plantadas, sendo 50 delas espécies nativas do cerrado.

De acordo com Doralvino Sena, um dos coordenadores do Movimento em Defesa do Parque das Garças, na operação Orla Livre a área foi recuperada ficando aberta aos frequentadores. A proposta da comunidade é que a manutenção da reserva ocorra de forma regular e eles cobram a criação de um plano de manejo e conservação para o local. "O parque é um patrimônio natural de Brasília, oferece qualidade de vida aos frequentadores e deve ser protegido, ampliado e preservado na sua totalidade, beneficiando visitantes de várias partes do DF", disse.

Antônio Matoso, prefeito comunitário da Península Norte, destaca a importância da manutenção da reserva ambiental por tudo que o lugar oferece a quem o frequenta. "É preciso cuidar e proteger este espaço para que possamos preservar acima de tudo a natureza e toda a paisagem que temos em volta", defende.

O casal Alessandra Schimitt e Jimmy do Carmo, moradores do Jardim Botânico, visitaram pela primeira vez o Parque das Garças, e além de prestigiar a paisagem e toda a beleza que o lugar oferece, estiveram atentos ao movimento em defesa da reserva. "Viemos tomar sol e um banho, aqui parece muito com uma praia, estamos admirados com a beleza e a limpeza deste local. O movimento e a reivindicação são muito importantes para que tudo seja preservado neste lugar, que é incrível, com uma paisagem fora do comum, de uma uma beleza extraordinária", ressalta Alessandra.

Outra defensora do parque é Selma Siqueira, moradora do Lago Norte. Ela lembra que a área é uma reserva importante para a população de Brasília e precisa estar regular. "Eu defendo o Parque das Garças pela importância que ele representa para a comunidade. Brasília precisa ter consciência desse espaço e cuidar dele", disse.

Cidade parque

Para o urbanista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Frederico Flósculo, a questão ambiental no Distrito Federal, não é tratada de forma fundamentada e equânime. O ideal é ter parques urbanos e ecológicos em todas as regiões da cidade, tanto para preservar o meio ambiente, quanto para o lazer popular. O especialista lembra que Brasília nasceu como uma cidade parque e a comunidade deve ser incluída na gestão desses espaços. "É fundamental que existam planos de manejo onde a população participe e contribua efetivamente para o acesso aos parques públicos em cada bairro do Distrito Federal. É essencial que os moradores tenham iniciativa e assumam o protagonismo da criação de mais parques em cada região administrativa, pressionando o governo por mais agilidade nesse sentido", ressalta.

Ibram

De acordo com o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), no segundo semestre de 2023, serão iniciados os estudos do Plano de Manejo do Parque Ecológico das Garças, para que os zoneamentos das áreas de preservação e de uso público sejam definidos. Após essa etapa, serão detalhados também os tipos de obras de infraestrutura que devem ser implantadas na unidade de conservação.