Apesar do Distrito Federal ter sido pioneiro na aplicação da vacina contra o papilomavírus humano (HPV), a taxa de cobertura vacinal está abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, que é de 80%. O HPV é uma infecção sexualmente transmissível que pode causar verrugas genitais e câncer do colo do útero, além de cânceres do ânus, vulva, vagina, pênis e garganta.
Embora a principal forma de transmissão do vírus seja por meio do contato sexual, o contágio também pode ocorrer por contato direto com a pele ou a mucosa infectada. Por isso, é crucial que meninos e meninas com idades entre 9 e 14 anos recebam a vacina contra o HPV. A imunização nessa faixa etária oferece proteção antes do início da vida sexual ativa e permite que o sistema imunológico desenvolva uma resposta eficaz contra o vírus.
As vacinas são administradas em duas doses com intervalo mínimo de seis meses. O imunizante faz parte do calendário de rotina desse público e está disponível nas unidades básicas de saúde (UBSs). Em 2023, a primeira dose foi aplicada em 62,7% das meninas e 33,7% dos meninos. Os dados mostram ainda que muitos não retornam para completar a imunização. Entre as meninas, 56,6% tomaram a segunda dose, já entre os meninos, apenas 25,6%.
“É uma vacina muito importante porque previne contra o câncer de colo do útero, pênis, vagina e vulva e das verrugas genitais. Temos essa garantia de prevenção quando a pessoa completa o calendário vacinal. Quando não há um retorno, perde-se a garantia, que é acima de 90% – por isso a importância de tomar as duas doses”, destaca Tereza Luiza Pereira, gerente da Rede de Frio Central da Secretaria de Saúde (SES).
Desafios
Para a médica ginecologista e obstetra Marcelle Domingues, um dos desafios da imunização contra o HPV é o preconceito. “A vacina de HPV começa a ser preconizada ainda na adolescência. Muitos pais acreditam que vacinando os seus filhos contra o HPV, eles estão, de uma certa forma, estimulando a atividade sexual, e não é isso. O principal objetivo da vacina é prevenir contra o câncer de colo do útero. Se a gente pensasse em qualquer outro tipo de câncer e oferecesse uma vacina, grande parte da população iria aceitar, mas como o HPV é um câncer de transmissão sexual, as pessoas têm esse preconceito”.
Marcelle acrescenta que a desinformação dificulta o acesso à vacina. “A gente acha que o HPV causa apenas câncer de colo de útero. O HPV também está ligado ao câncer anal, ao câncer de laringe, ao câncer de vulva, de vagina entre outros.” A doutora ainda cita que muitas pessoas acreditam que o imunizante só pode ser tomado por quem iniciou a vida sexual, adolescentes e pessoas do sexo feminino, o que não é verdade.
“A vacina do HPV pode ser tomada até os 45 anos para os homens e até os 49 anos para as mulheres, podendo até se estender dependendo do caso. A falta de informação dos profissionais da saúde para instruir corretamente a população também é um grande entrave para a imunização do HPV”, aponta a ginecologista.
Incentivo
O Ministério da Saúde implantou iniciativas para a cobertura vacinal contra a infecção, como a vacinação nas escolas, a promoção de educação e saúde e a ampliação do horário de funcionamento das unidades básicas de saúde (UBSs). A vacina contra o HPV pode ser encontrada em todas as UBSs que ofertam os imunizantes do calendário de rotina.
O papilomavírus humano pode ser detectado através de exames clínicos regulares, que incluem observação da presença das verrugas e exames de Papanicolau.