Usada pelos moradores de Planaltina e de Sobradinho para se deslocarem até o Plano Piloto, a BR-020 é uma das principais vias que cortam o Distrito Federal. Cerca de 80 mil veículos trafegam pelo local diariamente. A lentidão no trânsito e a falta de segurança fez com que os moradores cobrassem do governo local as obras da terceira via da faixa, com ciclovia, e a implementação do BRT-Norte.
Segundo o presidente do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/DF), Fauzi Nacfur Junior, o processo licitatório para a construção da terceira faixa, com ciclovia, e com extensão de aproximadamente de 50km, está previsto para o fim do semestre. A obra, de acordo com ele, deve começar entre setembro e novembro.
Somando-se os dois sentidos da via, o valor está orçado em aproximadamente R$ 100 milhões. Em contrapartida, a obra do BRT-Norte está em fase de captação de recursos e não tem data para sair do papel.
Na rotina de demorar uma hora e meia para chegar ao Plano Piloto, Fábio Leite Braga, 42 anos, reitera que as pessoas estão reivindicando o BRT-Norte há muito tempo. "Nossos governantes não estão preocupados com isso. Eles não dependem do transporte público, mas nós, trabalhadores, sim. Enquanto não aparecer alguém disposto a nos ajudar, vai continuar do mesmo jeito", lamenta. Para o auxiliar de tesouraria, "Planaltina é umas das regiões mais esquecidas no DF" em termos de infraestrutura. "Em todo governo esse debate vem à tona. Então, só vou acreditar quando já estiver funcionando", adianta.
Agilidade
Acreditando em uma melhoria no trânsito, Niltomar Rodrigues, 39, conta que, normalmente, demora mais de uma hora no trajeto Planaltina/Plano Piloto. "Com a faixa exclusiva, acho que essa viagem diminuiria para uns 40 minutos", prevê. Para o condutor de ônibus, a faixa também trará mais segurança no trânsito. "Vai evitar que os coletivos fiquem no mesmo espaço dos carros. Os motoristas não têm consciência, dirigem com displicência e aumentam as chances de acidentes", alerta. Niltomar analisa que com o BRT as pessoas optariam mais pelo transporte público. "O caminho será mais rápido. A população vai ter mais consciência de usar o coletivo e vai economizar", pondera.
Para o professor de engenharia civil do Ceub Luango Ahualli, a implantação do BRT no DF tem mostrado bons resultados. "O BRT Norte deverá contribuir significativamente para melhorar a mobilidade na região. Auxiliado por outras tecnologias, como sistemas inteligentes de transporte, e com a ampliação da via, acredito que veremos uma melhora na fluidez do trânsito", assegura.
O especialista lembra que, na construção de Brasília, existiu um projeto de mobilidade para a capital, porém, com o aumento da população, foi preciso adaptar a infraestrutura à demanda atual e futura. "A presença de edificações perto da rodovia faz com que o projeto, o planejamento e a execução de uma obra careçam de mais atenção e mais participação popular. Entretanto, não acredito que seja um empecilho. Afinal, todos saem ganhando com a melhoria do transporte na região, seja em qualidade de vida, seja com maior fluxo de consumidores para o comércio", frisa.
Audiência pública
Em 24 de maio, a Câmara Legislativa (CLDF) vai promover uma audiência pública, aberta aos interessados e com a participação de moradores, de especialistas e de autoridades, para discutir os aspectos que envolvem a construção da terceira faixa, com ciclovia, e o BRT-Norte. A audiência será realizada a pedido do deputado distrital Pepa (PP), a partir das 19h, no Km 21 da BR-020, no bairro Mestre D'Armas, com transmissão pela TV Distrital.
O parlamentar diz que as tratativas da terceira faixa estão avançadas e espera um desfecho positivo em breve. O projeto, segundo ele, levou em consideração os estabelecimentos existentes na margem da rodovia. "Temos empresas instaladas ao longo da BR-020 e, com o trânsito fluindo melhor, temos outros grandes grupos interessados em se instalar na área. O consumidor poderá usufruir do comércio mais próximo, sem precisar se deslocar para o Plano Piloto", destaca.
Sobre o BRT-Norte, ele explicou que os estudos e o projeto do DER foram concluídos em 2014, mas, desde então, ficaram parados. "Estamos empenhados junto ao GDF na viabilização das verbas para atualização da proposta, já que, em quase 10 anos, muita coisa mudou", conclui.
*Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso