A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai apurar, no Congresso, responsabilidades dos atos antidemocrático de 8 de janeiro, foi tema do CB.Poder — parceria entre TV Brasília e Correio —, que recebeu o senador Izalci Lucas (PSDB). À jornalista Ana Maria Campos, o parlamentar falou, nesta segunda-feira (15/5), sobre o afastamento do governador Ibaneis Rocha (MDB) e uma possível aliança com o emedebista para a próxima eleição.
O senhor tem trabalhado muito em várias frentes, uma delas é a criação e a composição da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que vai apurar o que aconteceu em 8 de janeiro. Como é que está essa formação dessa comissão?
A gente sempre participou de todas as CPIs aqui, do DF, eu me prontifiquei até para não deixar a população da capital pagar essa conta sozinha. Houve problema aqui no DF? Teve, mas outras instituições poderiam ter evitado isso. A gente quer demonstrar claramente o que ocorreu, quem foi beneficiado com isso, a gente está bem preparado. Eu venho trabalhando desde o dia 8, quando aconteceu o fato e nós vamos demonstrar realmente que houve muita omissão também. Houve infiltração, houve omissão. O governo federal poderia ter evitado tudo isso. Ninguém vai passar a mão na cabeça de ninguém, agora não pode ter uma condenação coletiva. É preciso ter uma condenação individual, cada um responde pelo que fez e isso que vamos defender.
Mas esse requerimento está há algum tempo tramitando, já foi apresentado, tem assinaturas suficientes. Está para ser instalada a CPMI, mas a gente não vê a comissão iniciar os
trabalhos, o que falta?
Porque, na prática, é assim, nenhum governo gosta de CPI. Eles (o governo) tentaram, durante muito tempo, impedi-la e conseguiram retirar assinaturas, oferecendo emendas. Mas houve uma adesão muito pequena a esse projeto de retirar assinaturas. Então (a CPMI) está consolidada, o governo achava que não ia colocar quórum na sessão. Colocamos quórum tanto no Senado quanto na Câmara. Temos assinatura mais do que suficiente. Após a leitura, você tem que fazer então o quê? As indicações. Você tem que comunicar os partidos, os blocos, para eles indicarem os membros, depois disso você faz a reunião e instala (a comissão) e faz a eleição (dos cargos). Agora o governo quer participar de qualquer jeito, já que ele não conseguiu esvaziar a CPI, ele está impondo colocar a maioria. Apesar de a CPMI ser um instrumento da minoria. Tudo indica que o presidente deverá ser o Arthur Maia (União-BA), e que é uma pessoa muito boa, ele é bastante independente, tem uma formação muito boa, uma capacidade grande de articulação. A gente acredita que ele, confirmada a indicação, será um bom presidente.
E a participação do governo do Distrito Federal, acha que o governador Ibaneis errou de alguma forma?
Na prática, ele errou no seguinte sentido, primeiro não deveria ter nomeado Anderson (Torres) naquele momento, por quê? Bem, eu sei que ele é governador, ele que manda, mas em função de que o Anderson foi (ex-ministro do governo Bolsonaro), era delicado. Naquele momento, várias pessoas, amigos e autoridades aconselharam não nomear Torres. Ou, se fizesse, que colocasse em outra pasta. Agora ele (Ibaneis), de certa forma, recebeu informações equivocadas. Então, por exemplo, o comando da Polícia Militar, Polícia Civil, a inteligência deveriam ter comunicado a ele. Houve um grande erro, inclusive no caso do comando que colocou a tropa no dia em alerta e não de prontidão. Teve esse equívoco. Tem uma série de coisas que precisam ser apuradas. As mensagens que o governador recebeu eram no sentido de que, "fique tranquilo, está sob controle", então não é o governador que tem que cuidar disso ele, passa exatamente para a Segurança Pública, alguém da confiança dele.
O senhor espera que na sua próxima eleição possa contar com o apoio dele (Ibaneis), já que ele não vai ser candidato ao GDF?
Vai depender muito das circunstâncias, vou me candidatar a um cargo majoritário: ou sou candidato ao Senado ou ao governo. Governo, eu entendi nessa última eleição que é preciso um grupo, não adianta você sair sozinho para (concorrer). Então tem que ter alianças, nós temos que construir isso. Como ele é candidato ao Senado, pode ser, mas tudo é possível. Depende das composições.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira