O ex-comandante-geral da Polícia Militar (PMDF) Fábio Augusto Vieira revelou que tentou tirar, por duas vezes, o coronel Jorge Eduardo Naime da chefia do Departamento Operacional da corporação. O oficial contou aos distritais, em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF), que gostaria de ter um nome de confiança no DOP, o que foi negado.
Ao responder o questionamento do deputado Fábio Felix (PSol), Vieira disse que o perfil de Naime não era o que ele queria no DOP, mas ressalvou que não tinha nenhum problema com o coronel. "Temos uma relação de respeito. Mas, naquele momento, eu entendi que o perfil que eu gostaria para o DOP era de outra pessoa. O coronel Naime já havia solicitado, ao comandante anterior, a exoneração dele. Eu só fiz concordar. Conforme tratativas, eu reiterei no SEI (Serviço Eletrônico de Informações) que gostaria de colocar uma pessoa do processo (seletivo interno)”, explicou o oficial. "Recebi do secretário (de Segurança Pública) que o coronel Naime desistiu e ele iria permanecer”, completou.
Vieira foi nomeado como comandante-geral em abril, após indicação do então secretário de Segurança Pública Júlio Danilo. O oficial também afirmou não acreditar que foi vítima de sabotagem nos atos.
DOP era responsável
Fábio Augusto Vieira afirmou que só soube que não havia planejamento operacional sobre os atos de 8 de janeiro após relatório da intervenção, quando deixou a prisão. No depoimento à CPI, ele informou que o planejamento é de responsabilidade do Departamento de Operações (DOP).
Enquanto ocupava o cargo de comandante-geral, Vieira foi avisado pelos militares da corporação, nos dias anteriores, sobre as providências para o 8 de janeiro. “Conversei com o coronel Paulo José no sábado (7 de janeiro) para aumentar o efetivo. O que eu detectei no dia, lá (8 de janeiro), de manhã, havia um efetivo mais suficiente. Até as 11h da manhã, o acampamento não sabia que ia descer (para a Esplanada)”, disse o coronel.
Quem comandava o DOP na ocasião era o coronel Jorge Eduardo Naime, que estava de folga, dando lugar ao tenente-coronel Paulo José. Questionado pelo presidente da CPI Chico Vigilante (PT) se acha normal o planejamento não ter sido realizado pelo DOP, Vieira opinou que foi estranho. “Esse documento (o planejamento operacional), além da distribuição do efetivo, detalha exatamente como a operação será executada. Por exemplo, traz conceito da operação; a distribuição do efetivo no terreno de operação. Segundo informações do interventor, esse plano não foi elaborado”, observou.