Morreu, aos 75 anos, a eterna “ovelha negra”, Rita Lee, na última segunda-feira (8/5). A rainha do rock, sempre polêmica e sem se deixar intimidar, foi uma das artista mais censurada na ditadura militar. Durante a turnê Entradas e Bandeiras, em 1976, uma apresentação da cantora em Brasília foi cancelada pela Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), um dos instrumentos de censura da ditadura militar.
O jornalista Irlam Rocha Lima, da editoria de Cultura do Correio Braziliense, recordou a proibição em um artigo. O show ocorreria no Ginásio de Esportes do Colégio Marista, na 609 Sul. Cabe frisar que no ano anterior, Rita havia superlotado aquele mesmo espaço com o show Fruto Proibido. “Três mil pessoas fizeram coro ao ouvi-la interpretar o mega sucesso Ovelha negra— o primeiro em carreira solo”, recorda o Irlam.
No artigo, o jornalista também conta que sete anos depois, em 1983, a cantora retornou à capital federal e contestou a ditadura militar em apresentação no extinto Estádio Pelezão, para uma multidão de 20 mil pessoas. “Finalmente, depois de oito anos exilada da cidade, estou de volta e venho propor minha candidatura. Sou candidata a levar alegria ao povo, que está de saco cheio desses militares que comandam o país. Para a censura eu digo, é proibido proibir”, disse a cantora antes de cantar seu hit Vote em mim.
Rita Lee, em novembro de 2012, foi a artista mais aguardada do Green Move Festival, quando fez um show pela última vez em Brasília, num palco em frente ao Congresso Nacional. A apresentação ficou marcada na memória dos brasilienses e do Brasil inteiro, pois logo depois de cantar Lança perfume, a rainha do rock de costas para o público, baixou as calças e mostrou a bunda para o delírio da plateia, que gritou "Rita, eu te amo".
O gesto inesperado de Rita teve muita repercussão, à época, nas redes sociais. Pelo Twitter, Rita comentou o ocorrido e disse que "mostrar a bunda no palco é um ato de amor, do tempo em que roqueiro tinha cara de bandido, você ainda não era nascido".
O velório de Rita Lee será aberto ao público no Ibirapuera, em São Paulo, como informou a família da cantora. O corpo será cremado, como deseja, numa cerimônia particular.
*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori