O deputado distrital Jorge Viana (PSD) é o entrevistado, desta segunda-feira (8/5), do CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília — e fala sobre as expectativas sobre a efetivação da lei que criou o piso salarial para as categorias da enfermagem — enfermeiros e técnicos de todo o país. Em entrevista à jornalista Taísa Medeiros, o parlamentar, em seu segundo mandato, também expôs a importância do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com Viana, o piso nacional de enfermagem está em discussão há quase um ano e, embora já aprovado, ainda não entrou em vigor. O motivo é a suspensão pelo Ministro Barroso, que não havia identificado uma fonte específica de pagamento. Segundo o deputado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encontrou uma fonte pagadora e, atualmente, aguarda apenas a regulamentação por parte do Ministério da Saúde. “Esse recurso vai ser liberado e, a partir daí, acredito que o ministro (Luís Roberto) Barroso vai suspender a decisão dele sobre a lei do piso”, explica.
O deputado menciona que existe uma briga com os empresários, que alegam que não têm recursos suficientes, mas diz que o foco é resolver um problema do serviço público. “O mercado se regula. Dificilmente você vê um empresário da saúde quebrar. Eles têm lucros, e cada vez maiores”, diz. “Se o empresário faz a tabela dele, se ele cobra o valor de uma consulta, se ele cobra o valor de um procedimento ou de uma cirurgia por conta própria, porque a gente precisa resolver o problema financeiro da sua empresa? Eu acho que cada um com seu cada um”, completa o deputado.
Jorge Viana rebate os argumentos sobre as demissões em massa e diz serem parte de um discurso muito comum da classe empresarial que não prosperam. “Para o nosso caso, não tem como ter demissão, uma vez que os profissionais trabalham através de resoluções e de dimensionamentos. Eu não posso simplesmente tirar o técnico, o auxiliar, e o enfermeiro de uma assistência”, explica Jorge. “O dimensionamento dos trabalhadores a nível Brasil já está super enxuto. Não existe um lugar, um hospital, seja público ou privado, que está sobrando profissional. Pelo contrário, está faltando”, diz. “Só a rede privada que está tendo essa discussão, mas o mercado se regula, e eles vão ter que se adaptar”, conclui.
Para o deputado distrital, a pandemia mostrou a precarização da saúde que sempre existiu no Brasil. “A gente depende praticamente de tudo dos outros países para poder prestar uma assistência de saúde. E diga-se de passagem, esse sistema de saúde é o nosso porto seguro. Você vê que quando a coisa aperta, não tem coisa privada nenhuma que consegue segurar. Todo mundo recorre ao SUS”, fala.
Jorge Vianna conta que a pandemia, para os profissionais de saúde, foi uma maneira de mostrar para a população as deficiências do sistema público de saúde. “Foi um marco dessa geração, em que não tivemos recursos para poder salvar mais vidas”, diz o deputado. Para ele, se as autoridades investirem realmente na saúde, os impactos de uma nova pandemia seriam menores. ”A gente não estava preparado, e a gente continua não preparado, ainda, para qualquer outra pandemia”.
Assista a íntegra do programa:
*Estagiária sob a supervisão de Suzano Almeida