Pessoas de várias regiões do Distrito Federal lotaram a Basílica Santuário São Francisco de Assis, na Asa Norte, para acompanhar a primeira missa de corpo presente do Frei João Benedito Ferreira de Araújo, realizada às 16h desta segunda-feira (15/5). O pároco e reitor da basílica morreu na madrugada do mesmo dia, aos 53 anos. O religioso teve um mal-estar durante a Santa Missa, na noite de domingo (14/5), e não resistiu, uma triste surpresa para todos. A celebração encerrava os festejos da elevação do santuário à basílica, honra pela qual o religioso foi o responsável.
O corpo de Frei João chegou ao santuário na tarde desta segunda-feira (15/5). Foram agendadas várias celebrações, que começaram no mesmo dia e seguiram durante a madrugada. A última missa de corpo presente na Basílica Santuário São Francisco de Assis será celebrada às 11h desta terça-feira (16/5) pelo bispo auxiliar de Brasília, Dom Antônio Aparecido. Às 13h, o corpo será trasladado para o Santuário Jardim da Imaculada, na Cidade Ocidental (GO).
Lá, às 15h, será celebrada a última missa de corpo presente. O sepultamento será às 16h30, no cemitério Imaculada Conceição, também na Cidade Ocidental.
Celebrações desta terça-feira (16/5)
Basílica Santuário São Francisco de Assis
- 3h — missa de corpo presente
- 5h — missa de corpo presente
- 7h — missa de corpo presente
- 8h — velório
- 11h — missa de corpo presente
- 13h — traslado do corpo para o Santuário Jardim da Imaculada, na Cidade Ocidental
Cidade Ocidental
- 15h — missa de corpo presente, no Santuário Jardim da Imaculada
- 16h30 — sepultamento no cemitério Imaculada Conceição
Gratidão
Aliado à tristeza e à emoção estava o sentimento de gratidão por parte de parentes, amigos e fieis que desfrutaram da convivência de Frei João e lamentaram a perda repentina. Durante a celebração, os irmãos de fraternidade do frei o descreveram como uma pessoa muito bem-humorada, brincalhona e que era somente dedicação aos semelhantes. “Frei João Benedito sempre foi reconhecido por sua simpatia, bondade e dedicação aos irmãos. Seu coração generoso e sua inabalável dedicação em servir à província foram exemplos inspiradores para todos nós”, disse o Frei Flávio Freitas.
Amigo de infância do religioso, Frei Flávio lembrou a linda trajetória do amigo, desde que moravam no Gama. Destacou que a caminhada de Frei João foi toda pautada pelo amor ao próximo, porque, com seu jeito espirituoso, ele sempre conseguiu levar alegria e fraternidade a todos os lugares pelos quais passou. “Perdi um irmão, perdi um amigo, um companheiro. Dois sentimentos invadiram a minha alma profundamente. Sinto uma dor terrível por essa perda, mas também tenho uma enorme gratidão por tudo que esse irmão representou na vida das pessoas e, especialmente, na minha”, afirmou, emocionado.
Valcir Rosa Ferreira Araújo, de 63 anos, irmão do Frei João Benedito, estava desolado. Com voz entrecortada e certa dificuldade para falar, disse que, desde o momento da morte, ainda não conseguiu acreditar e nem descrever o misto de emoções que o invadiram.
Ao lado da esposa Francisca Souza Araújo, 62, bastante abalada, Valcir lembrou que o irmão se dedicou aos outros, principalmente àqueles que mais necessitavam. Nos últimos três anos, Valcir ajudou o frei na basílica. Os dois nunca se separaram, nem mesmo durante os 12 anos em que Frei João morou em Camposampiero, na Itália. Eles se visitavam com frequência e se falavam todos os dias. “Viver sem o meu irmão, sem meu amigo, meu frei e confidente, vai ser muito difícil para mim. Não consigo mensurar ainda o tamanho da dor que vou sentir ao longo dos dias daqui para a frente. Mas sinto que ele está bem. Esse era o melhor momento da vida do meu irmão. Ele estava feliz. Cumpriu sua missão, guardou a fé e eu acredito na vida eterna, sei que iremos nos reencontrar”, concluiu.
Chorando muito, Maria Lúcia Fonseca, 67, relembrou que, há alguns dias, o frei lhe deu uma penitência que ela, na ocasião, não entendeu, mas fez, e garante que jamais esquecerá das palavras do religioso. “É como se estivesse ouvindo ele nesse momento, dizendo para mim, dê comida aos pobres. E eu cumpri, porque missão dada é missão cumprida.”
Marcos Palomo, a esposa Katia e o filho Antônio estavam inconsoláveis. Eles frequentam a igreja desde 1995. Estavam assistindo a transmissão da missa em casa, na noite de domingo, quando viram o Frei João passar mal. Nesta segunda-feira (15/5), foram se despedir do amigo.
Antônio de 20 anos, lamentou a perda precoce de alguém que dava conselhos aos jovens e que emanava amor. “É muito triste saber que não o encontrarei mais”, disse. “Vou defini-lo como visionário, ele se esforçou muito pra ajudar toda a comunidade, extremamente dedicado elevou essa igreja, amada por ele e pelos outros”, destacou Katia.
A fé consolou muitos dos paroquianos. “Lamento profundamente sua partida, mas acredito que ele cumpriu sua missão, que Deus sentiu saudades dele e o chamou”, falou Alexandre Lima, 48, morador da Asa Norte que conviveu com Frei João por mais de 12 anos.
Trajetória
Frei João Benedito nasceu em Paracatu, Minas Gerais, em 30 de janeiro de 1970. Ingressou na Ordem dos Frades Menores Conventuais em 20 de fevereiro de 1988, fez os votos temporários dois anos depois e, em 1994, os solenes. Em dezembro de 1996, foi ordenado presbítero.
Além de sua destacada atuação na Ordem, Frei João Benedito foi o primeiro reitor da recém proclamada Basílica Santuário São Francisco de Assis. Durante sua trajetória, dedicou-se à produção intelectual, tendo obtido licenciatura em filosofia e bacharelado em teologia. A paixão pelos estudos o levou a alcançar os títulos de mestre e doutor em teologia da liturgia. Estava no Santuário São Francisco de Assis desde 2019, como reitor e pároco. Durante esse período, ele foi o responsável pela elevação do santuário à categoria de basílica.
Frei João reforçou o espaço e, durante o período da pandemia de covid-19, criou um dos projetos mais importantes para a população do Distrito Federal — o Serviço Fraterno Santa Dulce dos Pobres, que ajuda e acolhe famílias carentes e necessitadas em todo o DF.
A iniciativa ajudou milhares de pessoas com a distribuição de alimentos e mantimentos básicos. Mesmo com o fim da pandemia, a ação segue atendendo diversas famílias em situação de vulnerabilidade.
O religioso contribuiu ainda com outras paróquias do DF com o conhecimento que possuía sobre liturgia, proferindo palestras e levando o evangelho aos fiéis.
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Frases
Acredito que ele cumpriu sua missão, que Deus sentiu saudades dele e o chamou"
Alexandre Lima, 48, morador da Asa Norte
Sinto uma dor terrível por essa perda, mas também tenho uma enorme gratidão por tudo que esse irmão representou na vida das pessoas"
Ele estava feliz. Cumpriu sua missão, guardou a fé e eu acredito na vida eterna, sei que iremos nos reencontrar"
Valcir Rosa Ferreira de Araújo, irmão de Frei João
Frei Flávio Freitas