Maio verde é o Mês da Conscientização sobre a Doença Celíaca e a data reacende a importância da compreensão acerca dos malefícios causados pela enfermidade. A doença celíaca se manifesta de forma silenciosa e acomete crianças, jovens, adultos e idosos. Déficit de crescimento, anemia, diarreia crônica e desânimo são alguns dos sintomas comumente apresentados. Segundo um levantamento realizado na Universidade de Brasília (UnB), pelo Centro de Prevenção e Diagnóstico da Doença Celíaca, no Distrito Federal, estima-se que a doença atinja 1 a cada 681 pessoas.
Doença celíaca é uma doença autoimune causada pela intolerância ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, aveia, cevada, centeio e seus derivados, como massas, pizzas, bolos, pães, biscoitos, cerveja, uísque, vodca e alguns doces, provocando dificuldade do organismo de absorver os nutrientes dos alimentos, vitaminas, sais minerais e água. Ainda não existe tratamento clínico medicamentoso específico para a doença e a única forma de intervenção é o controle rigoroso da ingestão alimentar, com a exclusão do glúten da dieta.
A nutricionista Carla de Castro alerta que pacientes com doenças autoimunes preexistentes, especialmente na região do intestino, devem ter cuidado redobrado para não desencadear outras. “Isso acontece porque a doença celíaca é uma doença autoimune e uma vez que elas começam no intestino, assim como outras alergias alimentares, quanto mais fragilizado for o intestino e o trato gastrointestinal, mais chance esse paciente tem de desenvolver essas patologias”, explica.
Nos casos em que pacientes possuam predisposição a desenvolver doenças intestinais, o ideal, segundo a nutricionista, é retirar outras proteínas que comumente causam problemas. “A gente também precisa tirar lácteos, por exemplo, porque a caseína é uma proteína de difícil digestão que também pode agredir microbiota intestinal. Tem que ter cuidado com os alimentos industrializados, cuidar do açúcar. É um contexto muito mais amplo do que só mexer no glúten”, avisa Carla.
Vivendo com a doença celíaca
A maior dificuldade para os pacientes é conviver com as restrições impostas pelos novos hábitos alimentares. Iara Lemos, 26, conta que recebeu o diagnóstico de doença celíaca aos 19 anos, após um pico de estresse que a fez ter constipação, gases, estufamento e má digestão. Ela conta que a dieta é bem rigorosa, mas fica aliviada em perceber que algumas empresas do ramo alimentício estão adaptando as opções. ”Antes eu tinha mais dificuldade, hoje em dia eu acho que tem ficado mais fácil. Em Brasília tem alguns lugares (restaurantes) que são 100% isentos de glúten e alguns sinalizam que as receitas têm ou não têm glúten. Cada ano que passa surgem mais marcas confiáveis e alternativas no mercado.” diz.
Iara relata que momentos sociais são os mais difíceis e que muitas vezes fica frustrada por não poder ter a liberdade de comer o que quiser. “No último aniversário da minha irmã, eu ganhei o primeiro pedaço de bolo mas não pude comer. Alguns alimentos têm pegadas mais afetivas, tipo um pãozinho quente ou o bolo da avó e eu não posso comer de forma alguma”, desabafa.
Apesar disso, a jovem entende que são atitudes necessárias para ter uma melhor qualidade de vida. “Uma dieta balanceada ajuda muito. Com o passar do tempo fica mais fácil, não é algo restritivo e impossível. É bem ok e prazeroso", conclui. A doença celíaca não tem cura, por isso, a dieta deve ser seguida rigorosamente até o final da vida. É importante que os celíacos atentem para a possibilidade de desenvolver câncer de intestino e para problemas de infertilidade.
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