TJDFT

Hermeto é condenado novamente por caso de homofobia com casais gays da PM

A sentença foi por conta de comentários preconceituosos contra dois casais homoafetivos que se beijaram na formatura do curso de formação da PMDF. O distrital terá de pagar R$ 8 mil aos militares

Arthur de Souza
postado em 11/05/2023 21:42 / atualizado em 12/05/2023 14:04
O distrital disse que vai recorrer da decisão. -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
O distrital disse que vai recorrer da decisão. - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

O deputado distrital Hermeto (MDB) foi condenado novamente pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), desta vez por mensagem de cunho homofóbico publicada em rede social. A decisão foi da 7ª Vara Cível. A ação foi movida pela militar Cely Danielle Braga Farias que, em 2020, apareceu em uma foto beijando a companheira durante uma festa de formatura dos soldados da Polícia Militar do DF.

Na sentença atual, além de pagar R$ 8 mil, o tribunal determinou que Hermeto se retrate no mesmo grupo de WhatsApp em que publicou a ofensa ou em sua rede social de maior visibilidade, sob pena de multa, caso não cumpra a decisão.

Em sua defesa, o distrital alegou que, por mais que o comentário tenha partido do seu celular, não significa que ele seja o responsável. Hermeto também argumentou que “estava no estrito exercício de seu direito fundamental à livre manifestação do pensamento” e que “o local seria inadequado para a prática do beijo”.

Ao definir a sentença, a juíza responsável pelo caso ressaltou que, apesar de a liberdade de expressão ser a regra, o seu exercício abusivo implica análise de responsabilidade civil. A magistrada também destacou que “ainda que o réu não concorde com a manifestação de afeto entre pessoas homoafetivas, [...] tem a obrigação de, no mínimo, respeitar as diferenças”.

Cabe recurso da decisão. Em contato com o Correio, o deputado Hermeto disse que vai recorrer da sentença.

Outra condenação

Em março, o parlamentar já havia sido condenado, em outro processo — movido pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) —, a pagar R$ 100 mil (R$ 50 mil para cada uma das vítimas), além de pegar dois anos de reclusão em regime aberto. A decisão foi da 1ª Vara Criminal de Brasília.

Em 14 de janeiro de 2020, o Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) do MPDFT instaurou Notícia de Fato, após tomar conhecimento de prática homofóbica em áudio divulgado por meio de WhatsApp. Segundo a investigação, durante a festa de formatura dos soldados da Polícia Militar do DF, em janeiro de 2020, realizada no Pavilhão do Parque da Cidade, os formandos Cely Danielle Braga Farias e Henrique Harrison da Costa, que são gays, tiraram fotos beijando seus respectivos companheiros.

Beijo gay em formatura da PM em janeiro 2020
Beijo gay em formatura da PM em janeiro 2020 (foto: reprodução)

Divulgadas nas redes sociais, as imagens foram alvo de comentários homofóbicos, inclusive em grupos de WhatsApp de integrantes das forças de segurança pública do Distrito Federal. O deputado Hermeto foi um dos que criticou. Ele teria enviado mensagem com o seguinte conteúdo: “Minha corporação tá se acabando. Meu Deus!!! São formandos de hoje. Na minha época, era expulso por pederastia.”

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