Memória

Rita Lee teve show cancelado em Brasília pela ditadura militar 

A eterna rainha do rock brasileiro, Rita Lee, morreu na noite dessa segunda-feira (8/5). Relembre esse e outros de Rita Lee na capital Federal

Raphaela Peixoto*
postado em 09/05/2023 18:09 / atualizado em 09/05/2023 22:30
 Rita Lee durante show no extinto estádio Pelezão, em 1983, para 20 mil pessoas.  -  (crédito:  Arquivo CB/D.A Press)
Rita Lee durante show no extinto estádio Pelezão, em 1983, para 20 mil pessoas. - (crédito: Arquivo CB/D.A Press)

Morreu, aos 75 anos, a eterna “ovelha negra”, Rita Lee, na última segunda-feira (8/5). A rainha do rock, sempre polêmica e sem se deixar intimidar, foi uma das artista mais censurada na ditadura militar. Durante a turnê Entradas e Bandeiras, em 1976, uma apresentação da cantora em Brasília foi cancelada pela Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), um dos instrumentos de censura da ditadura militar. 

O jornalista Irlam Rocha Lima, da editoria de Cultura do Correio Braziliense, recordou a proibição em um artigo. O show ocorreria no Ginásio de Esportes do Colégio Marista, na 609 Sul. Cabe frisar que no ano anterior, Rita havia superlotado aquele mesmo espaço com o show Fruto Proibido. “Três mil pessoas fizeram coro ao ouvi-la interpretar o mega sucesso Ovelha negra— o primeiro em carreira solo”, recorda o Irlam.

No artigo, o jornalista também conta que sete anos depois, em 1983, a cantora retornou à capital federal e contestou a ditadura militar em apresentação no extinto Estádio Pelezão, para uma multidão de 20 mil pessoas. “Finalmente, depois de oito anos exilada da cidade, estou de volta e venho propor minha candidatura. Sou candidata a levar alegria ao povo, que está de saco cheio desses militares que comandam o país. Para a censura eu digo, é proibido proibir”, disse a cantora antes de cantar seu hit Vote em mim.

  • Crédito: Arquivo CB/D.A Press. Brasil. Cantora Rita Lee durante show no Pelezão Caption Arquivo CB/D.A Press
  • Rita Lee durante entrevista concedida ao jornalista Irlam Rocha Lima, nos bastidores do Ginásio de Esportes do Colégio Marista, na 609 Sul, em 1975 Adauto Cruz/CB/D.A Press
  • 04/11/2012. Cr..dito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia -DF. Rita Lee se apresenta no Green Move Festival, na Esplanada dos Minist..rios, em Bras..lia. Marcelo Ferreira/CB
  • 29/11/1991. Crédito: Carlos Eduardo/CB/D.A Press. Cantora Rita Lee, durante apresentação no Teatro Nacional. Caption Carlos Eduardo/CB/D.A Press
  • 16/04/1983. Crédito: Juvenal Shintaku/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. da cantora Rita Lee, no Estádio Pelezão. Caption Juvenal Shintaku/CB/D.A Press
  • 01/03/2008. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Cantora Rita Lee durante show no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Caption Carlos Vieira/CB/D.A Press
  • 01/03/2008. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Cantora Rita Lee durante show no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Caption Carlos Vieira/CB/D.A Press
  • Rita Lee ganhou o Brasil e o mundo: artistas celebram a grandeza da roqueira Marcelo Ferreira/CB
  • 01/03/2008. Crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Cantora Rita Lee durante show no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Caption Carlos Vieira/CB/D.A Press

Rita Lee, em novembro de 2012, foi a artista mais aguardada do Green Move Festival, quando fez um show pela última vez em Brasília, num palco em frente ao Congresso Nacional. A apresentação ficou marcada na memória dos brasilienses e do Brasil inteiro, pois logo depois de cantar Lança perfume, a rainha do rock de costas para o público, baixou as calças e mostrou a bunda para o delírio da plateia, que gritou "Rita, eu te amo".

O gesto inesperado de Rita teve muita repercussão, à época, nas redes sociais. Pelo Twitter, Rita comentou o ocorrido e disse que "mostrar a bunda no palco é um ato de amor, do tempo em que roqueiro tinha cara de bandido, você ainda não era nascido".

O velório de Rita Lee será aberto ao público no Ibirapuera, em São Paulo, como informou a família da cantora. O corpo será cremado, como deseja, numa cerimônia particular.

*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori


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