A vida de uma família com crianças pequenas deve ser minimamente planejada para evitar atritos. A quantidade de passeios permitidos por dia é inversamente proporcional à idade e à quantidade de filhos. Crianças recém-nascidas, por exemplo, não devem sair de casa. Logo, o número de passeios é igual a zero. Se ela tem irmão mais velho, digamos, de 2 anos, um passeio por fim de semana é praticamente obrigatório se você não quer passar o dia ouvindo resmungos e enfrentando chateações.
Imagine-se, agora, uns dois anos mais tarde. A mais nova tem exatamente 2 anos e a mais velha, 4. Assim, pensando que ambas estariam matriculadas em alguma instituição de ensino durante a semana e que excepcionalmente passaram os cinco dias, ambas, imunes às viroses da época, você precisaria apenas planejar as saídas do fim de semana. Dado que a fase de introdução alimentar das duas está completa, é possível pensar em múltiplas saídas.
Dessa forma, a melhor estratégia, provavelmente, é calcular o número de cochilos necessários para cada criança, somar o total e dividir pelo número de crianças. No caso hipotético da família desta crônica: (2 1)/2 = 1,5. Como não chegamos a um número inteiro, ou arredonda-se para mais, numa atitude de ousadia, ou avalia-se com cautela o histórico dos dias anteriores e, se o nível de cansaço ultrapassar duas brigas a cada três horas, fazer um plano mais humilde e arredondar para baixo.
Uma alternativa intermediária é não fazer o planejamento completo do dia. Ou seja: programa-se o dia da família para um passeio pela manhã que provavelmente se estenderá até depois do almoço, uma vez que você só conseguirá sair de casa uma hora e meia depois do horário acertado inicialmente; ou espera-se o desfecho do primeiro passeio para só então decidir que rumo tomar nas horas seguintes.
Voilá! Temos três alternativas de como tramar os passeios com as duas crianças. Se um dos passeios incluir a companhia dos avós ou de tios, dá até para cogitar um lanche mais demorado no meio da tarde, horário em que uma das crianças deve dormir e a outra será fácil de entreter com alguma brincadeira boba (tente evitar as telas. Se é na ciência que estamos nos embasando, evidências não faltam sobre o risco que elas representam à saúde dos pequenos).
Claramente consegui provar por A + B que tema mais incerto está por surgir. A intenção, meu caro leitor, não é lhe guiar pela tarefa heroica de planejar um dia com algumas crianças, mas, sim, prestar solidariedade e mostrar que você não está sozinho: há uma legião de mães, pais, avós, tios e tias, irmãos e irmãs mais velhos e cuidadores que se envolvem nessa corajosa missão de educar e cuidar das próximas gerações. Que permaneçam firmes nesse caminho e tenham o amor como melhor conselheiro. Ninguém solta a mão de ninguém.
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