Ponto turístico, a Catedral de Brasília é palco das flores secas. Vendidas diariamente são uma atração à parte para quem transita pela Espanada dos Ministérios. São mais de 40 espécies nativas do cerrado do Distrito Federal e do Entorno.
De cores vibrantes, discretas ou naturais, estão espalhadas por várias barraquinhas na frente do monumento histórico. Os buquês e ramalhetes confeccionados artesanalmente são produzidos com muito zelo e carinho pelos 15 artesãos que estão no local há cerca 40 anos.
A retirada da terra é feita com cuidado, para não causar dano à raiz. Após a colheita, as flores são colocadas para secar. O processo de desidratação dura de uma semana a 15 dias. Em seguida, começa a fase de tingimento — na maioria das vezes, realizado com anilina diluída em água ou com sprays coloridos.
Vidal Raimundo, de 63 anos, morador do Jardim Ingá, trabalha no local há 38 anos e destaca a relevância desse tipo de comércio, tanto para quem vende, quanto para quem compra. "A beleza e a alegria estampadas nessas flores causam impacto aos olhos de quem vem aqui. Criei três filhos vendendo flores e só tenho gratidão pela existência de todas essas espécies. São mais de 30 anos colhendo essas maravilhas", destaca.
Presente
Quem passou pela barraca do Vidal, nesta quinta-feira (4/5), foi Juliana Ataídes, 39, que vive em São Paulo. Gerente de logística, ela estava em Brasília devido a compromissos profissionais e comprou um arranjo para levar para casa. Com os olhos brilhando, admirando os variados tipos, Juliana revelou que não conhecia as flores secas. Ela achou maravilhosa a beleza dos produtos expostos. "Nunca vi coisa tão bonita e tão diferente, com tanta variedade. Em São Paulo, não tem esse tipo de artesanato. Vou levar um buquê da espécie Pimentinha. Estou realmente encantada", contou.
No mesmo ponto, o secretário de Agricultura de Moji das Cruzes (SP), Felipe Monteiro, e seu adjunto, Rodolfo Marcondes, estavam a caminho do Aeroporto Internacional de Brasília, depois de uma viagem a trabalho, quando avistaram as flores e pararam rapidamente para ver as obras de arte de perto. Mesmo com pressa, eles compraram buquês para presentearem as esposas. Felipe levou um buquê de rosa folha moeda e Rodolfo, um arranjo de sempre viva. "Só tinha visto essa beleza pela TV, mas, ao vivo, são realmente raras. Nossas esposas merecem recebê-las", disse Felipe Monteiro.
Preservação
O entusiasmo dos visitantes estimula os artesãos, como destaca Marcos Vinicius, 38, instalado no local desde os 18 anos. Morador de Santa Maria, ele vende mais de 20 espécies de plantas do cerrado todos os dias. A flor típica com mais saída é a Pimentinha, pintada delicadamente à mão com spray dourado. Outras espécies muito populares são a flor capim e a sempre viva. "Essas são as mais procuradas pelo público, tanto moradores da região, como por quem chega de fora. Quando as pessoas veem, ficam encantadas e o entusiasmo delas deixa a gente revigorado", celebra.
Uma das dificuldades enfrentadas pelos artesãos é a escassez de algumas flores, provocada pela falta de respeito ao meio ambiente, na avaliação deles. "É muito importante que as pessoas façam uma colheita consciente para não desmatar o cerrado, não atingir as raízes das plantas. É preciso essa atitude para que o cerrado nos devolva e nos proporcione cada vez esse tipo de trabalho", reflete Vidal Raimundo.
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