Cristal Williams Chancellor, diretora de Comunicação do Women's Media Center
Qual a importância de pesquisas sobre a representatividade feminina na mídia?
A pesquisa que o Women's Media Center faz é muito importante porque as pessoas têm que conhecer a informação. Informação é poder. Quanto mais informação você tiver, mais mudanças e soluções trará. Em primeiro lugar, tentamos identificar o problema que mostra que as mulheres são sub-representadas e, muitas vezes, mal representadas na mídia. Cinquenta e sete por cento das histórias da mídia são contadas por homens e apenas 41% por mulheres, mas elas são mais da metade da população. Portanto, há uma grande diferença de gênero sobre quem conta a história e como essa história é contada.
Como outros jornalistas podem dar mais visibilidade ao trabalho do Women's Media Center com a representação feminina na mídia?
Quando se trata, em particular, de representação de gênero, as mulheres ainda são mais de 50% da população. Quando você olha para as notícias, no entanto, não é o que está refletido e, portanto, todos nós temos um papel a desempenhar, não apenas as mulheres, mas também os homens. Os homens têm o papel de garantir que estão sendo justos no tratamento às mulheres e também de criar oportunidades e reconhecerem que há valor em ter uma mídia representativa. Se tivermos uma mídia que inclua a todos, independentemente de gênero ou raça ou vários outros aspectos, a sociedade como um todo valoriza isso e torna-se mais bem informada, o que é importante para a imprensa justa e igualitária e para a democracia.
Em termos de cargos de gerência, como trabalhar para trazer mais representação feminina e diversidade para a mídia?
As pessoas que estão em cargos de gestão têm um grande papel a desempenhar, porque determinarão quem está em sua redação, quais funções serão atribuídas a cada um, quais assuntos cobrirão, se mulheres sentem que podem ou não compartilhar abertamente suas experiências e moldar o que é coberto e o que não é coberto nas redações. Isso é importante para se perceber quais vozes estão sendo deixadas de fora das histórias, quais perspectivas estão sendo contadas e quais não estão.
Como podemos trazer o exemplo do seu trabalho para a nossa realidade, aqui no Brasil?
Acho que o Brasil faz parte disso, reconhecendo os desafios que estão por vir, quais são os problemas para encontrar soluções. O primeiro passo é o que o Brasil está fazendo agora, que é conversar tanto nas redações quanto com o público em geral sobre alguns dos desafios ou deficiências e o que, como sociedade, devemos fazer melhor para garantir que a voz de todos seja incluída. Eu acho que o Brasil, da minha perspectiva e o que eu vi das pessoas aqui, há uma vontade de fazer essas perguntas para olhar em volta e dizer quem não está sendo incluído na mídia: se são mulheres ou se são indígenas, para ter certeza de que essas vozes serão ouvidas. Por isso, parabenizo o Brasil, o povo brasileiro e as organizações de mídia que estão realmente dispostas a fazer o trabalho duro de formular perguntas e depois buscar soluções. Os EUA não têm todas as soluções, nós mesmos temos muitos desafios. Temos muitas vitórias sobre as quais ficamos felizes em falar e continuar avançando, mas acho que podemos aprender e compartilhar com outros países, outras nações, como eles fazem jornalismo ou como veem o mundo e, juntos, acho que faremos uma sociedade em que todos sintam que têm um lugar e uma voz.