Nove dias de angústia e sofrimento. A cada hora que passa, a família de Regiane da Silva, 21 anos, fica mais aflita com a falta de notícias do paradeiro da jovem. A estudante está desaparecida desde a semana passada, quando saiu de bicicleta do Centro de Ensino Médio 1 de Planaltina, o Centrão. As investigações estão a cargo da 16ª Delegacia de Polícia e, neste momento, exigem cautela e sigilo para elucidar o caso. O que se pode afirmar é que há um suspeito de envolvimento no caso procurado pela polícia. O homem, com identidade ainda não divulgada, foi a última pessoa a ter contato com Regiane antes do sumiço.
Desesperados por qualquer notícia da jovem, os familiares decidiram se mobilizar para fazer buscas em Planaltina. Ao menos oito pessoas, entre parentes e amigos, estão dia e noite em áreas de mata, vales, região rural e córregos. "Qualquer rastro ou pista nos ajuda. O que não pode acontecer é ficarmos parados, sendo que já encontraram vários pertences dela (Regiane). Chegam várias denúncias falando sobre o paradeiro do suspeito. Ontem (domingo), fomos nas invasões do Quintas, perto do Vale do Amanhecer", declarou Adson dos Santos, 22, um dos irmãos de Regiane.
Assim que soube do desaparecimento de Regiane, a mãe, Dona Dulcinéia tomou a decisão de vir para Brasília na companhia de um outro filho auxiliar nas buscas. A mulher mora no distrito de Angico dos Dias, no interior da Bahia. Sem dinheiro para arcar com os custos das passagens, ela montou uma vaquinha e conseguiu arrecadar o valor necessário de R$ 1 mil para a viagem. A mulher chegou ontem no começo da manhã à capital. "Ela está muito abalada e traumatizada com isso tudo. Temos a esperança de encontrar a Regiane com vida", desabafa o irmão.
Cautela
Nesta etapa da investigação, a polícia traça um caminho mais cauteloso e silencioso para filtrar as informações e analisar dados e câmeras de segurança que possam ter captado os últimos momentos de Regiane antes do desaparecimento. Ao longo de oito dias, a PCDF solicitou o apoio das equipes do Corpo de Bombeiros. Os militares usaram cães farejadores, drones e mergulhadores para entrar em córregos.
Em nota oficial enviada pelo CBMDF ontem, a corporação esclareceu que as buscas continuarão mediante o acionamento da Polícia Civil, a partir do surgimento de novos indícios. "Como uma grande área já foi percorrida e novas pistas não foram encontradas, optamos por aguardar o surgimento de novas evidências. Portanto, estamos de prontidão esperando informações atualizadas da PCDF, para que possamos nos deslocar até o local determinado e realizar novas buscas", informou o Corpo de Bombeiros.
Até o momento, a 16ª DP divulgou oficialmente o vídeo do principal suspeito pelo desaparecimento de Regiane. O homem aparece na filmagem caminhando próximo à uma ponte, que dá acesso ao córrego, no Bairro Nossa Senhora de Fátima. Familiares contam que receberam informações sobre o suspeito, que o apontam como uma pessoa perigosa e morador de Planaltina. A identidade do homem não foi revelada.
Vestígios
A intensa mobilização por parte dos familiares resultou na localização de alguns objetos, em que os parentes acreditam pertencer à Regiane. Conforme o Correio antecipou, na área de mata próxima à via onde a jovem passava todos os dias na volta da escola, o grupo localizou uma calcinha rosa, uma pulseira branca e um tufo de cabelo vermelho. No chão, ficou ainda uma balinha lacrada, que, segundo o irmão, a irmã guardava outras semelhantes em um pote dentro do quarto.
Na sexta-feira, em mais um dia de buscas, os parentes de Regiane encontraram a calça da jovem pendurada em um muro, perto da casa do suspeito que teve as imagens divulgadas pela polícia. A peça de roupa foi identificada pela tia da estudante por causa de um remendo na lateral.
Já no domingo, uma pessoa próxima da família encontrou um homem em posse da bicicleta usada por Regiane no dia do desaparecimento. O veículo pertence a tia da estudante e a jovem pegava emprestado para ir à escola todos os dias à noite. Os investigadores detiveram o suspeito que estava com a bicicleta.
Na delegacia, o homem afirmou ter comprado a bike nas mãos de outro rapaz. O Correio localizou e conversou com um familiar do comprador, que vai responder por receptação. "Ele apenas comprou, acabei de falar com ele pessoalmente. Ele havia comprado sem saber da procedência e sem saber quase nada do caso. Ele usava outra bicicleta para trabalhar e o cara ofereceu uma em troca", afirmou. À polícia, o receptador disse não lembrar do nome do homem que vendeu a bicicleta.