A Maratona Brasília 2023 foi embalada pelas canções que deram origem a uma boa parcela do rock nacional. Conhecida como cidade do Rock, por ter sido berço de bandas como Capital Inicial, Legião Urbana e Raimundos, a programação musical do evento teve o ritmo como protagonista. O bloco Eduardo & Mônica, que mistura rock e batuque de carnaval, animou os maratonistas na chegada e o público que passava no local.
"O show de hoje é o que a gente sempre faz: uma homenagem a Brasília. Tem músicas que a gente costuma tocar e algumas novidades de coisas que a gente trouxe do carnaval pra cá. Como a gente tocou na folia de São Paulo, fez show também em Goiânia e no Rio, a gente trouxe algumas coisas além das homenagens que a gente já faz para nossa cidade", contou um dos vocalistas do bloco, Marquinho Vital.
Sob o "céu azul de nuvens doidas", que fez jus ao verso da banda de reggae brasiliense Natiruts, a goiana Mikaella Lopes, 26 anos, que vive há sete anos na capital federal, disse que planejou tudo desde o dia anterior com o seu amigo, Álvaro Marques, 23. Os dois levaram um cooler, com gelo, recheado de bebidas e copos térmicos. "Um solzão desse não dá pra ficar sem beber alguma coisa, né?", brincou. Eles vieram bem cedinho de Ceilândia para curtir o show do bloco que, segundo ela, representa Brasília. "Essa banda é incrível, é daqui de Brasília, valoriza muito a música daqui, é um ritmo muito alegre. É o nosso quarto show deles, conheci eles no carnaval, há uns quatro, cinco anos, mais ou menos, e, desde então, onde eles vão, sempre que dá, a gente vai atrás", explicou Mikaella.
Marquinho Vital relembra que eles fazem questão de manter o DNA da banda ligado à capital federal. "Antes mesmo de lançar o bloco, a gente foi capa do Correio Braziliense. Para a gente, foi muito 'cara, que isso?'. Acho que a galera comprou essa briga desde o início. A gente teve uma ascensão obviamente muito rápida. O primeiro show já deu 8 mil pessoas, mas a gente teve esse lance da galera se sentir do bloco também. Não só os músicos que estão ali em cima e a gente representando, mas quem estava ali embaixo", analisa.
Mikaella afirma que Brasília tem uma cultura própria, ainda que receba pessoas de todos os lugares do país, como é o seu caso. Ela se identifica e celebra algo que chama de alternativo. "É uma mistura de culturas, na verdade, porque aqui você encontra gente do Brasil inteiro. Eu gosto muito do alternativo. O alternativo é que ao mesmo tempo que todo mundo está junto, tem lugares que são separados. Taguatinga é mais pro sertanejo, Plano é mais pro rock, então, aqui, dependendo do que você vai escutar, vai pro ritmo que quer", detalhou.
Espaços da cidade
Natália e Lívia Pereira, 45 e 12 anos, são mãe e filha que têm o hábito de passear de bike pelos espaços de Brasília, aos domingos e feriados. Foi dessa forma que descobriram o show e pararam na praça para curtir o som. Natália é do Rio de Janeiro, veio para a capital federal há 11 anos para assumir uma vaga no serviço público. Já a filha nasceu em Brasília e, apesar de comparar as duas cidades, ela evidencia o melhor do local. "Eu costumo dizer que o Rio é a Cidade Maravilhosa, Paris é a Cidade Luz e Brasília é a Cidade Jardim", elogia.
No entanto, a carioca defende que os espaços públicos devem ser mais usados, sobretudo quando há comemorações como o aniversário. "A diferença que mais vejo daqui para o Rio é de que lá a gente se diverte bem mais de forma gratuita. O Eixão cumpre um pouco disso, eu até comparo com o que a praia proporciona. Os eventos são importantes para unir as pessoas das cidades-satélites com o Plano Piloto", explicou a moradora da Asa Sul.
Marcas que valorizam o esporte
O retorno da Maratona Brasília 2023, idealizada pelo Correio, resgatou mais um evento com a identidade da capital federal. Muitas pessoas acreditaram na força que a corrida conquistou durante os anos de realização e em como ela consegue mobilizar quem mora na cidade. Este ano, marcas que valorizam os grandes espaços, o céu, a arquitetura, a civilidade da população e todos os aspectos que estão embutidos no jeito de ser brasiliense, ainda que bem misturado, abraçaram a causa e concordaram em celebrar os 63 anos de Brasília incentivando o esporte pela cultura da corrida de rua.
A animação com o retorno do evento foi percebido por todos, inclusive pelos patrocinadores. O Atacadão Dia a Dia confirmou que a maratona faz parte da história dos brasilienses. Branco Amaral, presidente do conselho da marca, acompanhou a chegada dos participantes e observou a empolgação, principalmente daqueles que já tinham experimentado o evento das outras vezes. "Ficamos empolgados com a animação dos corredores, alguns estavam a postos desde as 6h da manhã de um feriado, especialmente as pessoas que tiveram a oportunidade de correr maratonas passadas. Em um momento onde o mundo pede mais conexão, ações que motivam a saúde e o lado social são essenciais", declarou.
Para Amaral, o sucesso da parceria tem relação com o DNA do atacadão, que busca valorizar a mistura de povos que vieram para Brasília. "Assim como Brasília, o Dia a Dia foi especialmente criado para acolher as pessoas e suas misturas. É por isso que, a cada ano, apostamos mais alto e lançamos ativações que mostre que não importa qual seja a ocasião, o Dia a Dia sempre pode estar na vida do brasiliense", ressaltou.
A Maratona 2023 teve diferentes sentidos para os patrocinadores que acolheram a ideia. Na tentativa de ser um exemplo para a formação educacional de crianças e adolescentes brasilienses, o Sesi embarcou na retomada do evento. "Queríamos realizar uma integração com a população no aniversário da cidade, homenagear tanto a capital quanto a sua população e ainda contribuir com a formação de base das crianças e adolescentes de Brasília, que é a nossa vocação", explicou Wagner Pinheiro, superintendente executivo do Conselho do Sesi.
Na mesma linha, o Sigma, que em 2023 completa 40 anos, tem buscado se envolver em diversas ações que representem a capital do país, como é o caso da maratona. "A gente se identifica muito com o que é de Brasília. Gostamos dos ipês, dos cobogós, trabalhamos muito isso com os pequenos, e acho que a maratona vem muito nesse sentido da identidade de Brasília. A gente fala que forma o cidadão global, muitos vão pra fora do Brasil, descobrem o mundo, mas temos como um valor grande o ser brasiliense e estimulamos muito isso", revelou Natália Rocha, diretora pedagógica da instituição de ensino.
A escola foi além da corrida e trouxe alguns espaços de jogos para as crianças se divertirem durante o evento, como o futmesa e o ping pong. A pedagoga explica que a intenção foi reforçar para as crianças e adolescentes a concepção de brincar junto e de estimular a atividade física —uma prática da escola, inclusive com os colaboradores. Foram feitos trabalhos de incentivo, com o sorteio de kits de participação, em três frentes: com os estudantes, com os pais e com os funcionários. Juntou-se também os membros da comunidade 'sempre Sigma', que é formada por ex-alunos. Ao todo, conseguiram levar, entre os associados, cerca de 40 maratonistas.
Instituição estimuladora da cultura, o Sesc abraçou a missão de ocupar os espaços de Brasília e, por isso, fez sentido incentivarem a maratona. "A cidade foi criada para ter as pessoas ocupando o espaço público. É muito importante que o Correio tenha retomado a maratona e que ela volte com cada vez mais força, que ano que vem a gente consiga mais corredores. O brasiliense tem a vocação pela corrida e você juntar isso com os espaços monumentais de Brasília é a receita para dar certo. Não tivemos muita dúvida em apoiar essa retomada", alegou Bernardo de Castro, coordenador de comunicação Sesc.