Neste 21 de abril — aniversário de Brasília, da TV Brasília e do Correio Braziliense — o programa diário Jornal Local, da TV Brasília, completou o último dia de homenagem aos 20 anos do telejornal recebendo a jornalista Simone Souto, a apresentadora mais longeva do JL.
Entre os dias 17 e 21, o programa recebeu vários apresentadores que fizeram parte da história do JL com o objetivo de resgatar a memória jornalística, cultural, histórica e afetiva da cidade e da emissora. Um a um, eles tiveram a oportunidade de relembrar como era apresentar o Jornal e assistiram a um VT — jargão jornalístico para reportagem visual — da época em que trabalhavam na TV Brasília.
Para Patrício Macedo, gerente de Jornalismo da TV Brasília, as homenagens representaram um gesto de afirmação ao bom jornalismo. "Revisitamos o passado para celebrar carreiras vitoriosas refletindo sobre o futuro de uma profissão que atravessa todos os tipos de ataques e desafios”, afirmou ele. “A ideia foi ao mesmo tempo contemplar uma certa nostalgia do público, mas também lembrar que precisamos minimizar nossas diferenças, se quisermos nos fortalecer enquanto classe. Rever colegas de trajetórias tão honradas foi um deleite, mas, principalmente, uma chance de provocar uma oportuna reflexão sobre a relevância de nosso papel na sociedade", destacou também
As histórias que ficam
Simone Souto foi a última homenageada e apresentou o JL desta sexta-feira (21). Ela conta que estava nervosa em apresentar o telejornal outra vez porque está há quatro anos longe da apresentação jornalística, mas brinca que é quase como andar de bicicleta.
Ela conta também que estar nesse lugar de voltar a contar histórias da população é uma das coisas de que mais sente falta. “Foram 13 anos só de apresentação. Viver a história da cidade e das pessoas é muito marcante e isso a gente não consegue se desconectar”, explica.
Simone foi a mais longeva apresentadora do programa e revela o quão importante para sua carreira foi a passagem pelo telejornal. “Eu lembro de histórias inúmeras, de pessoas anônimas, de pessoas comuns, que fazem parte da minha vida porque de alguma forma me transformaram também e reviver isso tudo foi muito importante”, salienta também.
A jornalista Sandra Amaral também foi homenageada na semana especial. Ela foi a primeira editora-chefe e apresentadora do telejornal. Ela relembra que quando a ideia do jornal foi concebida, eles já pensavam em fazer algo diferente e que tivesse um diferencial dos outros. À época, os telejornais eram todos apresentados de bancadas e com um cenário atrás.
O JL tentou mudar isso ao dar mais dinamismo para a apresentação, tornando-a menos formal e com o objetivo de ser mais descontraído. Já no quesito das notícias, a ideia era ir até a informação e ir atrás dos desdobramentos da história.
“Foi muito gostoso voltar a apresentar o Jornal Local, nessa familiaridade mesmo, mostrar e poder apresentar informações da cidade de onde eu nasci que está de aniversário, foi muito emocionante apresentar um jornal que está há vinte anos no ar e falar de uma cidade que está completando sessenta e três anos e que é a minha cidade”, apontou.
André Giusti também apresentou um dos programas na semana especial e destacou que, tudo o que viveu na TV Brasília, foi uma experiência “riquíssima”. “Ser o editor chefe de um telejornal e depois apresentar é realmente muita responsabilidade e é uma bagagem profissional que só depois a gente vai perceber”, conta.
Já sobre a homenagem ele explica que, apesar de saber que haveria uma cerimônia, não esperava que iria se emocionar tanto. “Quando eu vi o VT que eles colocaram no ar antes do jornal sobre a minha história, inclusive tendo a humildade de citar outras emissoras por onde eu passei — coisa que não é comum nas empresas de comunicação — eu realmente fiquei muito tocado, muito, muito sensibilizado. Até embargou a voz na hora que o VT estava no ar”, diz.
Homenageados
Neste último dia de celebração, a TV Brasília também homenageou os jornalistas Carlos Capelli e Dad Squarisi, que atuaram na emissora.
Capelli trabalhou por quase oito anos na TV Brasília e explica que, quando chegou, estava há 16 anos sem exercer a profissão. “Eu havia me afastado por dezesseis anos do jornalismo e tinha uma dívida profissional muito grande comigo. Então decidi voltar e quando tomei essa atitude, bati na porta da TV Brasília e a Simone foi quem abriu e me colocou pra dentro”, revela.
Ele conta também que teve uma relação muito boa nos anos em que trabalhou e que sempre tinha o compromisso com a notícia e com as pessoas, que estavam ligadas diretamente à reportagem. “Meu grande privilégio era sair na rua e ser abordado por senhoras com sacolas de compras, simples, gente que estava de fato lutando o tempo todo para poder levar alguma coisa no final do dia pra casa e elas nos chamavam para pedir um suporte. Mas a gente não ia lá como justiceiro do processo, nunca me foi essa a lógica, muito pelo contrário, eu ia como um fato jornalístico que precisava ser abordado com toda seriedade e com respeito com aquelas pessoas merecem”, conta.
Já Dad era colunista convidada do Correio e apresentava o quadro "Dicas de Português", um dos mais marcantes do jornalismo de Brasília por unir a prática jornalística com o bom uso da língua portuguesa. Ela revela que a primeira experiência na frente das câmeras foi na TV Brasília e já de cara se sentiu em casa. No primeiro momento, ela fazia a leitura do jornal ao lado da jornalista Camila Bonfim, mas depois o editor decidiu criar um quadro em que ela dava dicas de português.
“Eu entrava no meio de Jornal Local e aproveitava uma notícia para comentar e dar uma dica de português”, contou. O quadro durou 20 anos e ela inclusive se recordou da dica que mais teve que repetir ao longo dos anos: a concordância da palavra milhão. “As pessoas sempre confundem o gênero de milhão, então quando milhão está seguido de uma palavra feminina as pessoas sempre concordam o numeral com a palavra feminina mas deve ter concordância deve ser feita com milhão”, frisou.
Sobre a homenagem, Dad afirmou que se sentiu integrada e parte do contexto, como aliás sempre se sentiu. “Recebi essa linda homenagem num dia tão especial, que é o aniversário do jornal Jornal Local, do Correio Braziliense e da cidade”, acentuou também.
Por toda a semana, outros nomes que fizeram parte da história do JL também foram agraciados: Sandra Amaral (primeira editora-chefe do programa, atualmente trabalha na TV Câmara), Williane Rodrigues (ex-apresentadora do SBT por 16 anos), Simone Souto (apresentadora mais longeva do JL), Tatiana Rodrigues (ex-Globo e trocou jornalismo pela psicologia), Gabriela Mendes (EBC e Voz do Brasil) e André Giusti (poeta, escritor e autor de nove livros), Carlos Capelli (ex-Globo que atuou como repórter na TV Brasília durante seis anos), Maju Mendonça e Rafaela Vivas (editoras e apresentadoras das versões noturnas e matutinas do jornal que vai ao ar na hora do almoço).