Jornal Correio Braziliense

ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO

Brasília 63 anos: Artigo — 'Nova configuração

"Mesmo com destinação específica dos usos, as modificações na W3 Sul foram inevitáveis, pois as cidades compõem- se por meio das mudanças culturais e sociais"

A Avenida W3 Sul foi concebida inicialmente por Lucio Costa como uma “via de serviço para o tráfego de caminhões, (...) à instalação de garagens, oficinas, depósitos do comércio em grosso etc., e reservando-se uma faixa de terreno, equivalente a uma terceira ordem de quadras, para floricultura, horta e pomar". Entretanto, ao longo de sua construção, foram acrescidos outros usos, e a avenida transformou-se num espaço onde caminhavam pessoas, com comércio ativo, bons restaurantes, como foi o caso do (restaurante) Roma — aberto ainda nos dias de hoje —, e do emblemático Cine Teatro Cultura (entre 1961 e 1976), ou Cine Cultura, como era chamado pelos moradores na época. Ali, era o “centro” da cidade, mesmo que este já estivesse definido, composto junto a Plataforma Rodoviária, como escreveu Maria Elisa Costa, no livro Brasília 57-85: do Plano- Piloto ao Plano Piloto.

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Mesmo com destinação específica dos usos, as modificações na W3 Sul foram inevitáveis, pois as cidades compõem- se por meio das mudanças culturais e sociais. As quadras 500 receberam destinações mais nobres e, no lugar das hortas, pomares e floriculturas, foram acrescentadas as residências, nascendo as quadras 700.

As árvores ali plantadas tornaram- se frondosas, e a W3 Sul tornou-se uma importante avenida, porém, com o advento dos shoppings, as lojas, o cinema, muitos dos bares e restaurantes deixaram de ocupar a região, que deteriorou-se ao ponto de tornar-se perigosa devido a falta de uso e manutenção.

Sua revitalização mostra-se um ato de suma importância para a manutenção da cidade, e nela devem constar: (1) aberturas de espaços de galerias com permissão de passagens de pedestres entre a W3 e W2 (2) redução de IPTU para que os comerciantes sintam-se “convidados” a ocupar a região; (3) e por ser linear, o acréscimo de um VLT, sem que seja destruída a porção de canteiro central, permitindo que no lugar dos ônibus, por vezes defasados, possa ser aplicado um serviço de transporte mais eficiente e moderno.

ANGELINA NARDELLI QUAGLIA é mestre em arquitetura e urbanismo