Além do peso de ser a capital do país, Brasília — o Patrimônio Cultural da Humanidade que completa 63 anos neste dia 21 de abril — carrega consigo marcas registradas, como a arquitetura planejada e futurista e as belezas naturais dignas de um cartão postal, como o pôr do sol e o céu — que já virou até letra de música.
Tamanha exuberância torna a cidade única, e mesmo que um brasiliense deixe o quadradinho do Distrito Federal, pelo menos um pedaço da capital modelo ficará guardada na memória. “Brasília é um lugar único no mundo, não tem quem vá a nossa cidade e não ache que seja um lugar fora do comum. Tenho muito orgulho da minha cidade e teria até sido mais fácil de me mudar se eu não gostasse tanto dessa terrinha”, declara Allan Massay, 32 anos.
Massay é músico e há um ano mora em Portugal. Se mudou para expandir a carreira musical em países de língua portuguesa. Após deixar o quadradinho, ele conta que o maior choque cultural que teve foi ao enfrentar a frieza dos europeus. “O que eu mais sinto falta é do calor humano, das interações com pessoas incríveis que conheci em tantos anos que morei em Brasília, da sensação de que tudo ainda é novo e que tem um potencial gigantesco a ser desabrochado” relata o artista.
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“Acho que a coisa mais única de Brasília é o céu. Já vi muito céu bonito em vários lugares do mundo, mas igual o de Brasília não tem” pontua o músico.
De fato, a beleza do céu brasiliense é muito marcante e é válido ressaltar que a forma e o local em que a cidade foi construída corroboram esse espetáculo à parte. A localização onde o Eixo Monumental foi construído, numa posição quase Leste-Oeste, faz com que nos dois dias de solstício, a cada ano, quando o sol está mais próximo do solo de Brasília, a exatos 90°, o astro figura sobre a parte mais central da cidade, em perfeito alinhamento. Além disso, por os prédios do Plano Piloto serem mais baixos do que os encontrados em outras capitais, o brasiliense disfruta de uma visão mais limpa do céu do Planalto Central.
O povo de Brasília
Um dos maiores problemas das grandes cidades nos anos 2000 é o trânsito. Brasília, assim como outras capitais, sofre de males como engarrafamentos e acidentes, mas há pontos que fazem o dia a dia na capital ser menos estressante. Um dos orgulhos da capital federal é o respeito à faixa de pedestre, um dos símbolos do quadradinho.
Padre e missionário da Igreja Católica, o brasiliense Pedro Ribeiro deixou Brasília há 11 anos, quando entrou no seminário e mudou-se para o Rio de Janeiro. “O que eu mais sinto falta da capital federal poderia se dizer que é organização da cidade. Ela é uma cidade organizada tanto no trânsito quanto nos bairros. Sou mais acostumado ao modo de viver de Brasília, que é um pouco mais pacato”.
"Brasiliense da gema", Nobu Kahi, 36 anos, que se mudou para São Paulo há quase dois anos para trabalhar na gravação de seriados, também cita como principal diferença entre as cidades o estilo de vida dos moradores. “Parece que o povo aqui (em São Paulo) vive acelerado”, diz.
Kahi enfatizar que a lista dele de saudades da terra natal extensa. “Sinto falta de tudo. Mesmo que em São Paulo tenha tudo de forma material, como comida e serviços. Sinto falta até da seca que seca uma toalha em minutos", diz.
No entanto, Kahi destaca duas coisas que sente bastante falta na capital, e ambas fazem parte da comida de rua: "A pizza de calabresa com queijo e o cachorro quente com molho e batata palha".
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*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori