A chegada do inverno pode trazer uma tendência de piora da crise pediátrica no DF. Essa foi a avaliação feita pela coordenadora do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do DF, Andréa Jácomo. Ao CB.Saúde — parceria entre Correio e TV Brasília — desta quinta-feira (20/4), a médica falou sobre o panorama das doenças respiratórias em crianças na capital e a necessidade de aumento na cobertura vacinal.
À jornalista Carmen Souza, a pediatra explicou que, de março a julho, em todos os anos, Brasília enfrenta uma sazonalidade, em especial do Vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por 60% dos quadros de bronquiolite. No entanto, outros fatores dificultam o atendimento aos pequenos.
“É um vírus para o qual não temos vacina, mas para a maioria da população não tem indicação. Assim, lidamos com uma situação de prevenção pelo isolamento, evitar aglomeração e reforçar a higiene das mãos, principalmente daquelas crianças que são do grupo de risco”, explica
Esse cenário pode ser visto também no número de mortos. Segundo Jácomo, de janeiro até agora, foram registrados pela Secretaria de Saúde do DF 23 óbitos de crianças, por quadros respiratórios e outros para os quais não há vacinas. “Estamos falando de uma média de 5 crianças a cada cinco dias. É muito alto”, pontuou. Em comparação, nos últimos três anos de pandemia de Covid-19, houve 24 mortes de crianças por problemas respiratórios.
Vacina e sintomas
Jácomo também ressaltou a importância dos pais levarem os filhos para completar o quadro de vacinas. “Há uma série de coisas das quais não podemos proteger nossas crianças. Mas com doenças que têm vacinas, precisamos retomar essa cultura da vacinação em dia”, reforçou.
A pediatra também afirmou que a perspectiva é de aumento no número de infecções pelo vírus da Influenza. Isso pode acontecer junto com a introdução de outros vírus respiratórios e com isso, é possível que haja um agravamento nos quadros. “Essa coinfecção, com dois vírus ao mesmo tempo, faz com que os quadros sejam mais graves e demandem leitos de UTI e enfermaria”, esclareceu.
A médica também aponta que as perdas no quadro de pediatras da rede pública podem dificultar esse processo de acompanhamento. “Perdemos aquela pessoa que acompanha não só se a criança está crescendo e se desenvolvendo bem, mas que orienta a vacinação”, destacou.
Por fim, a coordenadora comentou sobre os sintomas das doenças como a Influenza. Um dos mais comuns é a febre e o que mais preocupa os pais, mas deve ser observado antes de levar os pequenos ao hospital. “Se o pai medica essa criança, consegue controlar a temperatura e o estado geral está bom, o ideal é observar as primeiras 48h”, explicou. Já outros sinais, como o esforço para respirar, dificuldade de mamar e se, mesmo sem febre, a criança apresenta desânimo e sonolência, os pais devem levar a criança ao hospital.
Confira o CB.Saúde na íntegra:
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado