O Hospital Universitário de Brasília (HUB) está com quantidade médicos neonatalogistas insuficiente para atender à demanda de 180 partos mensais da unidade. A descoberta foi feita após visita ao local realizada pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho, na manhã desta quinta-feira (20/4).
A ida de Fialho se deu para verificar as condições de trabalho dos médicos e da assistência prestada aos pacientes da neonatologia. Segundo o presidente do SindMédico, o atendimento aos recém-nascidos conta com unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal com dez leitos e Alojamento Conjunto (Alcon), com 26 leitos, para atender aos casos de menor gravidade. No alojamento, há 20 unidades ocupadas.
De acordo com o SindMédico, existe apenas uma sala para procedimentos cirúrgicos e seis leitos de parto natural. O HUB ainda mantém convênio com a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) para oferecer cinco leitos de UTI neonatal a pacientes da rede pública.
O Hospital oferece, de acordo com a escala, um ou dois neonatologistas a cada dia. Esses profissionais não são suficientes para atender à demanda da unidade, que realiza uma média de 180 partos mensais.
Para realização de partos do tipo cesárea, o neonatologista precisa se deslocar para outro andar caso seja necessário prestar atendimento na UTI ou no Alcon. De acordo com o sindicato, o centro cirúrgico fica em outro andar. O HUB não possui emergência pediátrica.
“A situação da neonatologia do HUB é séria e exige solução rápida, pois implica tanto em risco à vida dos pacientes quanto em risco jurídico e ético para os médicos que atuam no hospital”, destaca o presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho.
A reportagem procurou o Hospital Universitário de Brasília (HUB) para se pronunciar sobre a acusação e aguarda um retorno. O espaço segue aberto para manifestações.
Horas extras
A gestão do HuB procura diminuir o déficit de neonatologistas com horas extras de trabalho, mas o presidente do SindMédico-DF foi informado de que as horas extras prestadas nem sempre são remuneradas e o banco de horas positivo não é compensado, pois os plantões são têm poucos neonatologistas em serviço para sustentar a demanda.
Outro problema são as condições contratuais oferecidas pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERh), mantenedora do HuB. Na avaliação do sindicato, a situação não favorece a contratação de médicos para o quadro permanente do hospital.
A superintendente do HuB, Elza Ferreira Noronha, informou ao SindMédico que houve a tentativa de contratação de três neonatologistas por meio de contrato temporário, mas apenas uma das aprovadas assumiu o cargo.
Segundo ela, será feita uma nova chamada para preenchimento de outra vaga. A empresa diz que vai abrir um novo concurso temporário, mas não comunica uma data ou previsão. Também serão chamados cinco novos pediatras e espera-se que a equipe de pediatria ajude a dar conta da demanda da neonatologia.
A superintendente também informou que há uma grande rotatividade de profissionais quando chegam para ocupar os postos de trabalho temporários.
Problemas pontuais
O Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB/Ebserh) informa que conta com 20 médicos pediatras. Desses, 15 são neonatais e cinco pediatras para a sala de parto. O hospital alega que essa quantidade é suficiente para garantir o atendimento adequado aos pacientes. Há quatro profissionais afastados com atestado médico.
"Com esta ausência temporária, alguns problemas pontuais foram corrigidos e a escala foi coberta. São 10 leitos de UTI neonatal, e, desses, nove estão ocupados. O número médio de partos é cerca de 140 por mês", complementa o HUB.
Por fim, o Hospital Universitário de Brasília diz que está comprometido com todos os esforços necessários para que a unidade esteja sempre com contingente ideal, além de cobrir vagas de médicos ausentes por meio do processo seletivo simplificado, que está aberto com três vagas para neonatologistas.
Com informações do SindMédico-DF