A professora, mestre em literatura, colunista e editora de Opinião do Correio Braziliense, Dad Squarisi, é a convidada do quarto episódio do especial Podcast do Correio — 63 anos de história. O programa reúne jornalistas do veículo para contar a trajetória de Brasília pelos olhos desses profissionais, que foram testemunhas oculares nas mais de seis décadas da capital.
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Quem desfruta das dicas preciosas da Dad no Correio, seja pela coluna no jornal impresso ou pelo blog, nem imagina que o português não é a língua materna da professora. De origem libanesa, Dad contou aos apresentadores Ronayre Nunes e Talita de Souza que veio ao Brasil com a família em busca de um novo lar após o pai sair derrotado da luta pela independência do país.
Antes, no entanto, ela morou em países europeus e latinos, como França, Espanha e Argentina, o que lhe rendeu o aprendizado em diversas línguas. Ao chegar ao Brasil e entrar na escola, Dad aprendeu com facilidade o português e decidiu mergulhar no idioma. Ao se deparar com a escolha do curso em que se graduaria na universidade, até pensou em economia, mas foi em letras que se encontrou.
No Correio desde 2000, Dad conta que foi chamada para uma posição privilegiada: revisar a primeira página do jornal. “Noblat, diretor de redação da época, falava que se o leitor visse um erro na capa do jornal, desistiria de comprá-lo”, lembra. Na função, ela também tinha “carta branca” para mudar as chamadas de forma a sempre defender o entendimento do leitor.
“Se o leitor não entende o que noticiamos, não é porque lhe falta conhecimento. O erro é nosso. Precisamos saber como escrever para que todos entendam”, aconselha. As mudanças na linguagem, a chegada da internet e a criação de uma nova forma de se comunicar on-line também foram abordadas pela professora.
Lotes sorteados no Lago Sul e a Seleção de 70
A mestre também conta que Brasília viveu situações inusitadas, como sorteio de lotes no Lago Sul pelos jornais. “Quando eu cheguei a Brasília, só havia a Asa Sul e a W3 Sul. Na época, os lotes do Lago Sul eram sorteados pelos jornais e ninguém ia tomar posse dos lotes”, lembra.
Dad lembra que até mesmo a seleção brasileira de 1970 ganhou lotes no setor e recusaram. “A Seleção Brasileira de 70, campeã na Suécia, visitou Brasília nesse período e cada jogador recebeu um lote de presente e nenhum tomou posse. Cinquenta anos depois eles voltaram a Brasília e perguntaram quanto custava um lote no Lago Sul. R$ 6 milhões, R$ 7 milhões. Zagallo disse ‘eu quero o meu, eu quero o meu', mas já era tarde”, conta, aos risos.