Jornal Correio Braziliense

Investigação

Vídeo mostra momento em que suspeito pelo desaparecimento de Sara é preso

Em janeiro deste ano, o Correio trouxe informações exclusivas que antecederam o desaparecimento da garota e revelou o possível envolvimento do homem no caso. Sara Morais está desaparecida desde janeiro do ano passado e foi estuprada pelo acusado antes de sumir

Um vídeo divulgado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) mostra o momento exato da prisão de Jailton Silva dos Santos, 31 anos, apontado como o principal suspeito pelo desaparecimento de Sara Carlos de Morais Silva, 14. A adolescente saiu de casa, em Taguatinga Norte, na manhã de 16 de janeiro de 2022, dizendo que iria ao JK Shopping com uma amiga e nunca mais foi vista

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A história do sumiço da garota foi revelada em detalhes pelo Correio Braziliense. Em janeiro deste ano, o Correio publicou a reportagem “Desaparecimento e suspeita de assassinato: onde está Sara Morais, 14 anos?”, que revelou detalhes inéditos de fatos que antecederam o sumiço da adolescente, inclusive um estupro cometido por Jailton contra Sara.

Arquivo pessoal/PCDF - Suspeito foi preso em São Paulo e apresentou contradições em depoimento. Polícia Civil do Distrito Federal aguarda transferência para o DF

Após o desaparecimento de Sara ganhar notoriedade na mídia, Jailton saiu do DF às pressas e se mudou para a capital paulista. Em SP, o suspeito prestava serviço a uma empresa de impermeabilização de estofados. Policiais civis do DF viajaram até o estado e, na manhã de 8 de março, conseguiram capturar Jailton. O homem está preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) e deve ser trazido para a capital nos próximos dias.

Depoimento


A prisão de Jailton é referente a um mandado de prisão condenatório expedido pela Justiça do DF por um roubo cometido em 2013 na região de Brazlândia. Desde então, o homem vivia foragido e usava diversos nomes para despistar a polícia. “Já usou Emerson, Jailson, Rodrigo e, na Estrutural, se passava por Fernando”, afirmou o delegado-chefe da 17ª DP, Mauro Aguiar.

Em relação ao estupro cometido por ele contra Sara ocorreu meses antes da adolescente sumir. Jailton e Sara Jailton e Sara se conheciam de festas da Estrutural. No DF, ele também trabalhava com limpeza de estofados e ofereceu à jovem um emprego, em que pagaria R$ 50 por dia.

No primeiro dia de trabalho, Sara foi convidada por Jailton para ir à casa dele após o expediente, onde ocorreria uma festa de aniversário. No dia seguinte, a adolescente contou à irmã que tinha ocorrido algo estranho na residência. “Ela relatou que havia sido estuprada, mas não queria registrar boletim de ocorrência por medo. Sugeri irmos à delegacia, mas ela estava com receio”, afirmou Vânia Morais, 21.

Outras duas meninas relataram à polícia terem sido abusadas por Jailton. A PCDF indiciou o suspeito por três estupros, incluindo o da Sara. A reportagem apurou que o Ministério Público do DF (MPDFT) apresentou a denúncia à Justiça. Caso seja aceita, Jailton se tornará réu.

Ao ser preso e questionado sobre os fatos, Jailton negou qualquer envolvimento no desaparecimento de Sara, mas admitiu conhecê-la. Contou, ainda, que certa vez a levou em casa após uma festa. Os policiais, no entanto, notaram uma contradição na versão contada. “Uma testemunha negou que ele tenha levado ela (Sara) para a casa. Sabemos que ele mentiu e isso só corrobora para que ele seja o principal suspeito desse sumiço”, frisou o delegado Mauro.

Outra hipótese que leva a crer que o homem tenha ligação com o sumiço da adolescente é o fato de duas vítimas relatarem terem sentido forte odor vindo do quintal da casa do suspeito, em Vicente Pires. O imóvel ainda não foi identificado pela polícia.

De acordo com o delegado Mauro, a divulgação da foto de Jailton pode ajudar na localização do endereço em Vicente Pires e de possíveis outras vítimas feitas por ele. “As diligências continuam no intuito de comprovar autoria e eventual paradeiro da jovem desaparecida. A ajuda da população, especialmente dos moradores de Vicente Pires, é crucial para acharmos essa casa e comprovar ou descartar qualquer coisa. As denúncias podem ser feitas pelo número 197 de maneira anônima”, concluiu.