Jornal Correio Braziliense

Violência

Vizinhos lamentam morte de mulher a tiros; agressor está em estado grave

Vizinhos da mulher morta a tiros pelo ex-companheiro contam que ouviram os disparos e que o agressor costumava rondar a vítima

Os vizinhos da mulher morta a tiros pelo ex-companheiro lamentaram o ocorrido, mesmo sem conhecê-la direito. "É um crime muito brutal e absurdo", disse um morador do Conjunto T, do Setor Mestre D'Armas, em Planaltina, que preferiu não se identificar. Cristina de Sousa Santos, 32 anos, foi baleada na madrugada desta quarta-feira (12/4), na casa onde morava. Ela tinha uma medida protetiva de urgência contra o agressor desde o fim de março deste ano. O ex-companheiro foi atingido por um disparo ao reagir a ordem de parada dos policiais e está em estado grave no hospital.

Morando próximo à casa da vítima, um vizinho relatou ter ouvido os disparos por volta de 00h. Assustado, ele conta que decidiu olhar pelo portão da residência e viu as luzes do carro da polícia. "Eu saí e já vi um corpo próximo ao portão. Muito triste", lamentou. O morador disse não conhecer Cristina. "Acho que ela morava na rua há pouco tempo", comentou.

Policiais militares foram acionados para atender uma ocorrência de Maria da Penha l. Segundo informações da Polícia Militar, as equipes flagraram o homem, identificado como Murillo Samuel Muniz de Jesus, 26 anos, efetuando os disparos contra a companheira. Os militares deram ordem de parada ao homem, mas o ele continuou e se virou para a equipe com a arma de fogo em punho.

Para conter o agressor, os PMs o alvejaram. O tiro acertou a cabeça do criminoso. Já a mulher levou quatro tiros na perna esquerda, nos braços e no tórax. Ela foi transportada com hemorragia interna ao Hospital Regional de Planaltina. No começo desta manhã, a morte da vítima foi confirmada. De acordo com o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, o agressor foi levado ao hospital em estado grave e inconsciente. O caso é investigado pela 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina).

Outro morador local disse que via Cristina na academia da região. "Ela sempre ia malhar e, algumas vezes, vi ele (Murillo) atrás dela lá sempre muito insistente", comentou o vizinho, que não quis se identificar. Ela lamentou a tragédia. "Se acabou o relacionamento, o homem tem que aceitar e seguir em frente. Agora acabou com a vida dela e com uma família", pontuou.

Medida protetiva

O agressor, identificado como Murillo Samuel Muniz de Jesus, estava proibido de se aproximar da vítima e de manter contato com ela. Em depoimento prestado à Justiça para decisão favorável à medida, a vítima relatou que havia sido agredida pelo autor outras vezes, mas não havia registrado nenhuma ocorrência até o dia 27 de março deste ano, quando Murillo entrou na casa dela e a chamou para conversar, insistindo para reatar o relacionamento e oferecendo uma carona.

Segundo relato prestado pela vítima à época, ela se recusou a conversar e a aceitar a carona. Diante disso, ela contou à Justiça que Murillo a agarrou pelo braço e tentou esganá-la. Ao gritar por socorro, o ex-companheiro a soltou. Depois do ocorrido, Cristina acionou a Polícia Militar do DF (PMDF), mas o agressor havia fugido do local.

A vítima relatou ainda que o ex-companheiro não aceitava o término do relacionamento, indo praticamente todos os dias na casa dela para insistir que reatassem. Segundo depoimento, Murillo sempre dizia que ela "não será de mais ninguém". Os dois tiveram um relacionamento de aproximadamente nove anos e estavam separados há dois meses. Cristina, à época do depoimento, disse que eles nunca moraram juntos. O casal tem uma filha de 8 anos.